Rio - Acostumado a assumir equipes em crise, como aconteceu no próprio Flamengo, Carlos Alberto Torres tem agora a oportunidade de planejar uma temporada muito importante para o clube. Em 2002, o Rubro-Negro voltará a disputar a Copa Libertadores e terá a chance de voltar a jogar o Mundial em Tóquio, 21 anos depois de conquistá-lo. Por isso, mesmo nas férias, não pára de pensar em futebol.
Agora, enfim, você vai poder iniciar um trabalho. Como vai ser o Flamengo do Capitão do Tri?
Carlos Alberto Torres: Vai ser a minha cara. Um time que joga o feijão-com-arroz. Na minha visão, futebol não tem mistério. Depois de muito tempo sem iniciar um trabalho, vou poder aproveitar a pré-temporada para acertar a movimentação, fazer jogadas e dar toque de bola ao time. As perspectivas para 2002 são ótimas, pois vamos disputar a Copa Libertadores. Estou muito contente por ter recebido esta oportunidade.
L!: No Flamengo, você encontrou um grupo desunido e teve de administrar a guerra de egos entre Petkovic e Edílson. Como evitar isso em 2002?
Torres: Se eu estivesse no clube desde o início, isso não teria acontecido. É preciso mostrar aos atletas o quanto é importante seguir as regras. Se você marca um treino uma hora, um chega cedo e o outro tarde já causa desconforto. Não abro mão de disciplina.
L!: Você está se referindo ao Edílson que teve uma série de regalias?
Torres: Não. Mas, se ele continuar no Flamengo, essas viagens à Bahia terminarão. E tem uma coisa: acho que o Flamengo não pode se dar ao luxo de perder um jogador com a qualidade do Edílson (ele está incompatibilizado com o clube).
L!: Como exigir disciplina num ambiente de tanta vaidade?
Torres: Vou me impor de maneira cordial, sem precisar dar uma de machão. É só agir e pensar com clareza. Quero um grupo unido. Não acredito nesse papo idiota de que a inimizade não interfere em campo.
L!: Em seu tempo de jogador havia tantas crises de relacionamento?
Torres: Hoje acontecem muito mais porque muitos jogadores não estarem preparados para o sucesso.
L!: O clube passa por grave crise financeira e alguns jogadores estão saindo. Como recompor o time para um ano de tantas competições?
Torres: Se pudesse manter todo mundo, ótimo. O clube não suporta mais os altos salários, mas é preciso ter um bom elenco para agüentar tantas competições. O Rio-São Paulo não é fácil e, paralelamente, teremos a Libertadores. Ainda vou conversar com a diretoria sobre isso.
L!: Você vai indicar algum nome para substituir Edílson, Reinaldo e Beto?
Torres: Desde que comecei a minha carreira de técnico, nunca sugeri contratação de qualquer jogador. Sempre trabalhei com o que me deram.
L!: Como vê a possibilidade de contar com o Juninho Paulista?
Torres: É um excelente jogador. Mas não adianta comprar só por comprar. Veja o exemplo do ataque dos sonhos (Romário, Sávio e Edmundo). É necessário planejamento. Temos que analisar os nomes e escolher os que realmente serão úteis ao time.