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Korda dá risada irônica com punição a argentino
Segunda-feira, 24 Dezembro de 2001, 16h11

Londres - O zagueiro holandês Jaap Stam e o espanhol Pep Guardiola são os casos mais recentes de esportistas com problemas no controverso mundo da nandrolona, um caminho doloroso e familiar para o tenista tcheco Petr Korda.

Enquanto Stam e Guardiola lutam para limpar seus nomes depois de testes positivos para o esteróide proibido nandrolona, Korda -- campeão do Aberto da Austrália em 1998 -- já conhece as armadilhas a serem enfrentadas. Ele apresentou resultado positivo para a substância em Wimbledon, há três anos.

Korda foi suspenso por um ano, apesar dos prolongados apelos, e condenado a devolver 660 mil dólares em prêmios conquistados enquanto o processo ainda estava pendente.

O checo, que havia chegado a ocupar a posição de número dois no ranking, se aposentou em dezembro passado, depois de perder para o 416o. do mundo em um torneio Challenger da ATP.

O tenista de 33 anos sempre defendeu sua inocência e diz que o escândalo o afetou profundamente. ``Se eu não tivesse minha esposa e filhos, provavelmente teria me enforcado'', afirmou Korda à Reuters durante o torneio Honda Challenge em Londres.

``Se você ama algo (o tênis) tanto quanto eu, e então passa pelo que eu passei, não vejo nenhum aspecto positivo. Foi desagradável e não desejo a ninguém que passe por isso. Nunca quis a solidariedade de ninguém porque sei que não fiz nada (errado), mas isso acabou com minha carreira''.

Os mesmos sentimentos estão sendo vivenciados por Guardiola que, como Stam, foi suspenso imediatamente após o exame. O meio-campista de 33 anos insiste que vai deixar o futebol caso não consiga provar sua inocência.

O mais difícil para Korda foi a maneira como foi tratado por outros tenistas profissionais enquanto o caso se desenrolava. De uma hora para outra, um jogador popular passou a ser tratado como marginal, vaiado por torcedores que costumavam adorar suas comemorações exageradas.

``Houve altos e baixos na minha vida, isso é óbvio, mas as pessoas me insultaram muito'', alegou Korda, que teve permissão para continuar em atividade enquanto o caso não se resolvia. Nunca insultei ninguém, nunca quis prejudicar o esporte e não o fiz. Tentei ser o melhor representante que pude e fui um dos maiores amantes do tênis, mas infelizmente o esporte perdeu essa pessoa'. Talvez eu devesse ter parado imediatamente, pois não tinha prazer em jogar, me concentrar e fingir que nada disso estava acontecendo''.

Ainda que Stam, que atua pela Lazio, e Guardiola, do Brescia, tenham o apoio de seus clubes e companheiros, eles estão sujeitos ao mesmo desgaste emocional ao tentar limpar seus nomes e retomar suas carreiras.

Mas ambos podem buscar forças nas experiências dos holandeses Frank de Boer e Edgar Davids ou do companheiro de Stam na Lazio, Fernando Couto, que se recuperaram depois de enfrentar desafios similares.

Para Korda, a experiência foi decepcionante, principalmente porque as autoridades do tênis passaram a adotar critérios diferentes desde então.

Este ano o argentino Juan Ignacio Chela foi suspenso por três meses pela ATP e banido dos 500 primeiros do ranking depois de um exame positivo para metil-testosterona no Masters Series de Cincinnati, em 2000. Um tribunal concluiu que Chela ingeriu o esteróide involuntariamente.

``Os jogadores votaram que quem quer que tenha o teste positivo seja suspenso por dois anos, mas então o Chela é pego e leva três meses. Eu tenho que rir'', afirmou Korda com tristeza.

Ao aceitar o convite de John McEnroe para participar do circuito sênior neste ano, Korda quer começar a reconstruir sua confiança. Chegando à final do Honda Challenge ele provou que ainda faz sucesso com a torcida. Mas a experiência toda foi difícil e ele ainda não tem certeza dos planos para o futuro.

``Não vou considerar nada ligado ao tênis até que meu coração esteja curado. Sinto muito, mas joguei com o coração e me dediquei ao tênis por completo... foi isso que fez de mim tão bom jogador e se não tiver isso, não posso fingir''. ``Vou levar alguns anos para descobrir como e por que isso aconteceu, e talvez a medicina evolua e me traga uma resposta'', ``Espero que um dia eu seja capaz de defender o esporte como fazia antes. Eu daria tudo para ser novamente apaixonado pelo tênis''.

Reuters

 

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