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Projetista da Arrows representa Argentina na F-1
Segunda-feira, 24 Dezembro de 2001, 16h13

Londres - Quando menino, no interior da Argentina, Sergio Rinland costumava sonhar com o futuro ao ouvir o barulho dos carros que se aproximavam. Ele nunca chegou a ser um piloto de corridas, desistindo logo de seguir os passos de Juan Manuel Fangio ou Carlos Reutemann para mergulhar na engenharia e projetos.

Aos 49 anos, o projetista-chefe da Arrows voltou a Buenos Aires onde deu uma conferência sobre automobilismo como o mais aclamado argentino da Fórmula 1.

Não é uma disputa muito difícil, uma vez que o diretor técnico da Asiatech, Enrique Scalabroni, é o único outro candidato de um país que já teve no pentacampeão Fangio o melhor piloto do mundo.

Gaston Mazzacane, único piloto argentino nas duas últimas temporadas, foi demitido pela Prost no início de 2001 e os problemas econômicos podem dificultar a chegada de outros pilotos por algum tempo.

O mais recente carro de Rinland, o Sauber C20 com motor Ferrari, foi uma grande revelação, levando a equipe suíça ao quarto lugar, seu melhor resultado na história.

Ele já trabalhou com várias equipes desde que chegou à Fórmula 1 em 1983, incluindo Brabham, Williams, Benetton e Fondmetal, mas garante que sua filosofia de design continua a mesma ao longo dos anos. ``O que eu fiz na Sauber não é muito diferente do que eu havia feito antes na Brabham e na Fondmetal em termos de design'', contou ele em entrevista à Reuters. Aplico a mesma filosofia onde quer que esteja. Sim, estou muito mais experiente e tenho mais conhecimento agora e isso provavelmente ajuda'', prosseguiu. ``Mas a Sauber teve um bom resultado porque tinha dinheiro por trás, tinha um motor e bons pilotos''.

``Quando eu projetava os Brabhams e os Fondmetals eu nunca tive dinheiro, pilotos, orçamento ou infraestrutura para que os carros mostrassem o que podiam mostrar''.

Rinland deixou a Sauber antes da temporada de 2001, juntando-se à Arrows em setembro, depois de diferenças de opinião entre ele e a equipe.

``Fui para lá com um plano de três anos, porque acredito que em menos de três anos você não faz nada'', explicou. ``Eu estava lá há pouco mais de um ano e tinha sido capaz de produzir mais do que havia esperado''.

Ele esperava projetar um carro ainda melhor para 2002. ''Este seria o carro para eles. Mesmo com um motor Ferrari, mas com bons pilotos, eu tinha esperança de estar entre os três primeiros'', revelou. ``Mas eles não tinham a força de espírito ou a confiança de que poderiam chegar a isso. Pensaram que eu estivesse sonhando. Nunca discuti com Peter Sauber, eu não discuto. Digo as coisas como elas são. Eles obviamente tinham uma visão diferente de como queriam fazer as coisas. Agora meu objetivo é estar na frente deles'', disse.

Apesar dos rumores de problemas financeiros, Rinland espera que a Arrows faça grandes progressos em 2002. Já os problemas do automobilismo argentino parecem bem mais longe de uma solução.

Enquanto o Brasil tem produzido uma boa safra de novos pilotos, ainda que com poucos técnicos e engenheiros, a Argentina praticamente sumiu do horizonte da Fórmula 1.

A explicação está em parte na forte presença do kart no Brasil, que representa um importante fator na formação de um piloto moderno. ``As categorias chamadas Fórmula decaíram muito na Argentina no início dos anos 80, de modo que os pilotos não têm a chance de treinar adequadamente'', diz Rinland.

``É por isso que não há bons pilotos vindos da Argentina. Não é como se houvessem tirado o talento de todos, eles só não têm um bom treinamento''.

``É um momento difícil, mas temos sempre de olhar o futuro, não o presente'', acrescenta.

Reutemann foi o último grande piloto do país, e Rinland o descreve como amigo e herói, mas houve outros, cuja fama nunca chegou a cruzar o Atlântico.

``Conheci Reutemann logo no início da sua carreira e me tornei amigo não só dele, mas das pessoas que o rodeavam. Ele era uma inspiração'', conta Rinland. ``Mas antes dele havia o fascínio de Fangio e das Fórmulas dos anos 60'', completou.

Há três décadas, havia um cenário promissor na Argentina, envolvendo carros de Grandes Prêmios europeus equipados com motores americanos.

``Eles eram muito difíceis de pilotar, muito potentes e exigiam grande habilidade'', lembra o projetista. ``Quando Reutemann chegou à Europa, eu diria que outros cinco ou seis pilotos poderiam ter vindo com o mesmo nível e talento. Imagine isso''.

Reuters

 

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