Cardiff (Reino Unido) - Os problemas financeiros da Prost demonstram que as equipes pequenas são cada vez mais uma espécie em extinção na Fórmula 1, deixando o futuro da categoria nas mãos dos grandes construtores.
A notícia de que a Prost Grand Prix estaria à beira da falência, com dívidas de 30 milhões de dólares, remete a uma história já conhecida nos finais de ano.
No ano passado, a incerteza cercava a Minardi, que estava sem patrocinador, motor e pilotos. A equipe italiana, escolada na arte de sobreviver com orçamentos pequenos, foi salva no último momento quando entrou em cena o empresário australiano Paul Stoddart.
A Minardi teria falido, assim como a Simtek em 1995, sem a intervenção financeira de Stoddart, em janeiro. Mas não há muitos investidores independentes como Stoddart, um apaixonado por automobilismo com sua própria empresa de aviação para financiar a paixão.
A maioria dos grandes construtores já está comprometida e alguns deles estão lutando por cada centavo.
Segundo a revista Eurobusiness, a Ferrari, de propriedade da FIAT, teve um orçamento de 200 milhões de libras para poder ganhar o título em 2001.
ACORDOS PARA MOTORES
A Prost usou motores Ferrari em 2001. Com o acordo da Arrows de usar os motores Cosworth da Jaguar no ano que vem, a Minardi se tornou a única equipe sem ligação com um construtor.
Ferrari, McLaren, Williams, BAR, Renault, Jaguar e Toyota têm ligações estreitas com grandes construtores. Sauber, Jordan e Arrows têm acordos de fornecimento de motores, as duas primeiras com Ferrari e Honda.
A Minardi foi então capaz de se voltar para o mercado asiático, assinando com o piloto Alex Yoong, da Malásia, e fechando o patrocínio com a Magnum. Eles também garantiram o fornecimento gratuito de motores, com a Asiatech.
A esperada estréia da Toyota em 2002 garante, caso a Prost não encontre um comprador até março, que o número de equipes não será diminuído.
Vários compradores já foram mencionados. O brasileiro Pedro Paulo Diniz, que já possui 40 por cento da Prost, manifestou algum interesse em adquirir a equipe por uma quantia simbólica.
Jornais belgas também divulgaram que o grupo Interbrew, fabricante de bebidas, poderia estar interessado em se tornar um patrocinador. Um porta-voz da Interbrew afirmou na quinta-feira de que não havia planos de patrocinar uma equipe de Fórmula 1.
A Prost confirmou sua presença no campeonato de 2002 dentro do prazo estabelecido e essa posição por si só deve valer alguns milhões de dólares para qualquer interessado em participar da Fórmula 1.
CLIMA ALTERADO
Além da perda de uma equipe comandada por um renomado tricampeão mundial, a falência da Prost significaria uma diminuição no prestígio do esporte, que não completa o grid de 24 carros desde 1997.
O clima alterado e a situação da economia mundial desde os acontecimentos de 11 de setembro no Estados Unidos já estão preocupando também as grandes equipes.
Vários chefes de equipe já previam que a baixa na economia mundial se refletiria no paddock. ``Os preços das ações estão no chão, as empresas pensam em cortar gastos com propaganda e isso reflete no esporte'', afirmou Ron Dennis, da McLaren.
``Costumamos ser os últimos a ser atingidos pela recessão, e isso vai acontecer agora'', continua. ``Se todas as equipes vão sobreviver, não sabemos. As grandes equipes estão tão expostas a isso quanto as pequenas''.