São Paulo - Certa vez, o técnico Flávio Costa chamou Jordan, jogador do Flamengo. O clássico contra o Botafogo seria no dia seguinte e o lateral seria mais uma vítima de Garrincha.
Mas Flávio acreditava ter encontrado a receita para parar o ponta. "É fácil. Ele só dribla para a direita. Você vai conseguir pará-lo". Escaldado sobre as dificuldades em parar Mané, Jordan respondeu: "Tudo bem, 'seo' Flávio. Mas o senhor já combinou isso com ele?
O raciocínio vale para a apresentação de Celso Roth no Santos. "Peço (à torcida) um pacto de retaguarda aos profissionais que estão assumindo o Santos agora", pediu o presidente Marcelo Teixeira.
Será que alguém avisou os torcedores desse pacto? "Roth constava em uma lista de possíveis treinadores pedidos pelas organizadas do clube à presidência", explicou Teixeira.
É verdade. Mas até o próprio técnico sabe que, no futebol, quem é amado hoje, pode ser odiado amanhã. Principalmente em um clube que não costuma prestigiar treinadores com posturas defensivas. Consciente disso, Roth adotou discurso conciliador e não quis falar sobre esquema tático a ser utilizado na equipe durante a temporada.
"Fui contratado pela minha filosofia de trabalho", explicou, afirmando que isso não tem nada a ver com esquema empregado.
É bom que não tenha, se Roth pretende ficar na Vila Belmiro mais do que os seis meses estipulados em seu contrato de prestador de serviços. Embora o presidente fale em pacto, a torcida jamais foi paciente com treinadores retranqueiros. Se os torcedores jamais suportaram ver a equipe jogando com três zagueiros, o que dirá três volantes?
"São esquemas que você usa em determinado momento na partida, mas sei entender que o futebol é paixão e o torcedor pode se pronunciar", afirma Roth, já se adiantando a eventuais protestos da torcida, que não pensa duas vezes em chamar um técnico de burro. Pois aconteceu até mesmo com Carlos Castilho, o último técnico a ser campeão.
Se no Palmeiras Roth cansou de ser criticado pela “turma do amendoim”, na Vila vai descobrir que a cobrança é igual ou maior. Mesmo sendo o sétimo treinador da atual administração (que entra em seu terceiro ano), como orgulhou-se de declarar Marcelo Teixeira, presidente que demitiu Cabralzinho depois de confirmá-lo uma semana antes como técnico do clube para 2002.
Para ter sucesso, Celso Roth espera que o pacto com a torcida seja para valer.