Rio - Fabiano Eller foi revelado no Vasco, está há quatro anos nos profissionais e em 2001 foi o terceiro jogador que mais atuou na equipe titular. Mas o volante não suportou um ano de asfixia financeira e acabou afogado em dívidas. Sem saída, entrou com ação na 67ª Vara da Justiça do Trabalho do Rio contra o Vasco, alegando três meses de inadimplência.
Fabiano Eller mora na Penha, em um apartamento de dois quartos com a esposa Cristina, a filha Gabriela, de 2 anos, e o irmão Thiago. Em uma pasta azul, guarda várias contas atrasadas acumuladas durante o ano passado. No total, o jogador calcula que deve R$ 35 mil.
“O Vasco atrasa o meu salário, mas não paga com juros. Já as contas, quando atraso, pago multa. As pessoas a quem eu devo não acreditam que eu não tenho dinheiro por ser jogador do Vasco”, garante.
Os problemas são muitos. Fabiano Eller perdeu a linha de seu telefone fixo e o celular da esposa Cristina está cortado, apenas recebe ligações. Conta de luz, plano de saúde, condomínio, seguro e prestações do carro estão atrasados. O jogador não tem mais cartão de crédito e nem cheque.
Após o jogo contra o Corinthians, pelo Brasileiro, foi abordado no estacionamento do Vasco por um gerente do Bradesco, que obrigou o jogador a assinar um parcelamento da dívida de seu cheque especial e encerrar a conta no banco. Para pagar contas, recebe a ajuda do irmão Thiago, que é goleiro do São Cristovão.
“Tenho dois cheques devolvidos e não consigo pagar. Está no Banco Central.”
Para conseguir arcar com despesas do dia-a-dia, Fabiano Eller vendeu camisas de futebol pela internet. Em anonimato, chegou a ganhar R$ 300 por uma do Boca Juniors, que conseguiu no jogo contra o time argentino pela Libertadores.
“Se eles ficassem três ou quatro meses sem receber queria ver o que fariam. Minha filha fez aniversário e não teve festa”, lamentou.
Fabiano Eller está em seu terceiro contrato como profissional. No primeiro, recebia R$ 1,5 mil, no segundo R$ 3 mil e o atual era de R$ 7 mil. “Mas recebo apenas uns R$ 5 mil, por causa dos descontos.”
A situação do jogador só não é pior porque desde outubro é ajudado por um empresário, que ele prefere não revelar o nome. Em dois meses, o empresário pagou R$ 15 mil em contas atrasadas do jogador. “Se ele não paga as nossas contas, não sei o que seria de mim.”
Para o futuro, otimismo “Pior não pode ficar. Sou trabalhador, profissional sério. Tenho um clube em mente. De repente até o Vasco me paga.”