São Paulo - Campeão dos superpenas pela Organização Mundial de Boxe (OMB), Acelino “Popó” Freitas está a dois dias do combate de sua vida, contra Joel Casamayor, campeão pela Associação Mundial (AMB), pela unificação dos cinturões.
Além de ter lutado apenas duas vezes no ano passado (em janeiro, contra Orlando Soto, e em setembro, contra Alfred Kotey), Popó viveu crises amorosas e trocou de técnico e empresário, acusando-os de exploração (Popó ficava com, no máximo, 25% das bolsas das lutas). Em agosto, soube que o pai, Niljalma Jones, estava com câncer na garganta.
Como está se baseando a preparação para o combate de sua vida contra Joel Casamayor?
Popó: Defesa e eficiência nos golpes. O treinamento foi todo planejado, um trabalho profissional.
É um trabalho diferenciado, agora que você está com novos técnicos (Oscar Suarez e Ulisses Pereira)?
P: Com certeza, estou muito tranqüilo quanto a isso. Das outras vezes, treinava para derrubar o adversário o mais rápido possível. Hoje, sou lutador completo, que agüenta todos os rounds no mesmo ritmo.
Mas em seu primeiro combate com os novos técnicos você quebrou a seqüência de vitórias por nocaute. Antes, você tinha vencido 29 lutas por nocaute.
P: Eu venci o Kotey por pontos, mas bati durante os dez rounds. Eu aprendi a lutar. Hoje, eu tenho uma vida mais regrada, como um profissional.
Por que optou por treinar para esta luta nos Estados Unidos?
P: Tinha que me concentrar, ter alimentação adequada, fugir um pouco do assédio. Quero mostrar para mim e minha família que eu melhorei no ringue. E muito! Foi difícil abandonar a família e ficar aqui todo esse tempo.
Você sempre dedica suas vitórias à família. Foi por causa deles que chegou ao sucesso?
P: Sem dúvida. Em 2001, tive duas notícias: uma boa e outra ruim. A ruim foi que meu pai estava com câncer na garganta e a boa foi que ele está curado. Conversei com ele por telefone e ele disse: “Eu nocauteei o câncer e quero que você derrube Casamayor”. Não existe motivação melhor.
Quais seus próximos objetivos se vencer no sábado?
P: Quero unificar também o cinturão do Conselho Mundial. Quero dar um ginásio aos meus irmãos e modificar o boxe amador baiano, que tem bons lutadores, mas estão na mão de pessoas que só pensam em dinheiro.
No futuro, Popó vai revelar novos talentos?
P: Com certeza, mas se sair um campeão, garanto que não vou levar 75% do dinheiro dele em cada luta.
Você não quer comentar sobre os problemas com seu ex-técnico Luiz Carlos Dórea?
P: Não quero que pessoas como o Dórea participem de algo tão importante em minha carreira.
O que seus novos técnicos mais passam a você às vésperas de uma luta tão importante?
P: Segurança, vontade, experiência, respeito mútuo. Eles acompanham minha evolução, filmam os treinos...
Como você avalia Joel Casamayor?
P: Ele às vezes não se defende, começa a melhorar a partir do quarto round. Se ele tiver oportunidade para atacar, cresce na luta, mas costuma sentir os contra-ataques. Nos seus últimos combates, caiu de rendimento.
Ele vem provocando você demais.
P: Isso só interessa aos promotores da luta. Casamayor é um grande campeão, mas deve fazer isso influenciado. Fora do ringue, ele deve ser uma pessoa diferente.
Está preparado para o assédio internacional caso vença Casamayor?
P: Vai ser importante, a luta será nos EUA, o mundo do boxe é aqui.
Espera o mesmo reconhecimento no Brasil?
P: Luto pela minha família e para dar um pouco de alegria aos brasileiros. Apesar de que no Brasil ainda tem gente que não acredita no meu trabalho. A prova disso é que estou sem patrocínio há seis meses. A Globo.com cortou o investimento e os últimos dois meses foram pagos à Oficina de Idéias, que até agora não me repassou o dinheiro. E tem gente que acha que eu sou o traidor da história.