São Paulo – O técnico Celso Roth fala sobre a escola gaúcha de técnicos e o desafio de tirar o Santos da fila.
Quais as diferenças entre o Santos e outros clubes que você já trabalhou na carreira?
Roth: Cada um tem suas particularidades. A diferença principal é a ausência de conquistas. Dezoito anos de jejum é significativo.
Essa ausência de conquistas torna o desafio maior?
Roth: Não. Não existe desafio maior ou menor. Às vezes, clubes grandes passam um período de tempo sem conquistas. É um ciclo. Quem sabe nós possamos quebrá-lo.
Você é um gaúcho e criou-se o estigma de escola gaúcha no futebol. Ela existe realmente ou é apenas um rótulo?
Roth: A imprensa tem a necessidade de rotular até para o público assimilar melhor e aqui não vai nenhuma crítica quanto a isso. Acho que a escola gaúcha possui suas características, mas está inserida em um contexto. Sem abrir mão da qualidade, mas com competitividade. Foi assim que a França venceu a Copa. É assim que quero o Santos.
Você acha que essa escola é mal compreendida pela imprensa?
Roth: As coisas são feitas dessa forma por interesse. No Palmeiras, o futebol foi participativo e de alta qualidade técnica. Mas não ganhamos nada. Perdemos uma semifinal (na Libertadores para o Boca Juniors), na disputa de pênaltis e quem desperdiçou as cobranças foram os craques do time (Alex e Arce). Isso parece que é esquecido. Meia-dúzia ia ao estádio apenas para me chamar de burro e, dependendo do resultado, esses passavam a ser maioria ou não. Mas a imprensa não percebeu isso.
Você quer dizer que os gritos de burro foram uma coisa plantada?
Roth: Tu que estás dizendo isso.
Não. Estou perguntando.
Roth: Não, não está. Está afirmando.
Mas o Palmeiras era um dos primeiros colocados do Campeonato Brasileiro e, mesmo assim, aconteciam os gritos de burro. Você acha que o torcedor comum, na média, entende de futebol?
Roth: Eu acho que o torcedor se preocupa se sua equipe está jogando bem. Se entende ou não de futebol não é a questão. Quem tem que entender são os profissionais Eu apenas acho que ao invés de falar do Santos você está perdendo tempo fazendo perguntas redundantes.
Sobre o Santos, então. Você diz que espera ter alternativas táticas e nesta quarta começou os treinos com bola. O que já deu para avaliar?
Roth: Temos algumas alternativas. Tenho o Paulo (Almeida), que é um volante de contenção e outros que sabem armar melhor. Tenho a alternativa do Rubens Cardoso na lateral-esquerda, além do Léo. No trabalho feito até agora, os jogadores mostraram muito interesse.
Você acredita que vai ter reposição à altura para a perda de Marcelinho e Viola?
Roth: Acredito que sim. Precisamos de três ou quatro atacantes no elenco e por enquanto, até o momento, só temos o Weldon.