Brasília - O Ministério da Justiça apresentou nesta sexta-feira a denúncia de tortura dos quatro presos apontados como os assassinos do velejador neozelandês Peter Blake. Quatro laudos do Instituto de Medicina Legal de Macapá mostram ferimentos nos presos e podem confirmar os espancamentos .
A denúncia foi feita em reunião do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. O ministro Aloysio Nunes Ferreira decidiu enviar ao Amapá a secretária nacional de Justiça, Elizabeth Süssekind, que viaja na semana que vem. "Vou verificar o caso a fundo", disse ela.
Empenho e urgência vêm por conta de um agravante: segundo a denúncia, os policiais civis, ao torturarem os presos, diziam estar "com carta branca do presidente Fernando Henrique".
O preso Reney Ferreira Macedo contou que policiais o espancaram com uma barra de ferro enrolada num pano, que foi asfixiado e chegou a desmaiar. O laudo do IML atestou que ele tem escoriações.
A história contada pelo preso Ricardo Colares Tavares é semelhante. Ele também disse ter sido espancado com barra de ferro. Contou ainda que levou chutes no estômago e foi asfixiado com saco plástico. "Os policiais diziam ter carta branca do presidente". O laudo do IML constatou lesões. Outros dois presos também têm ferimentos.
O depoimento de Tavares revela que, quando os quatro assaltantes subiram no barco Seamaster e anunciaram o assalto, a tripulação de Peter Blake jogou cerveja e maionese neles, pensando que se tratava de brincadeira.