Brasília - O comando do futebol brasileiro pretende evitar a divulgação do livro "CBF-Nike", dos deputados Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Sílvio Torres (PSDB-SP), sobre irregularidades na administração esportiva, disse na quinta-feira a editora da publicação.
"O que sabemos extra-oficialmente é que um juiz do Rio de Janeiro emitiu uma liminar para suspender a comercialização e distribuição do livro, mas não recebemos a notificação", disse Wagner Nabuco, diretor da editora Casa Amarela.
A ação foi iniciada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que teve seu presidente, Ricardo Teixeira, como principal alvo do relatório da CPI da Nike, que resultou no livro, mas acabou não sendo votado, depois de uma sessão tumultuada na Câmara.
Na época em que o relatório da CPI foi completado, os senadores e o Ministro dos Esportes e Turismo, Carlos Melles, chegaram a dizer que Teixeira, então de licença médica do cargo, seria afastado do cargo por uma medida provisória.
Teixeira reassumiu a CBF na segunda-feira e no dia seguinte voltou a ser aclamado como chefão da entidade máxima do futebol por uma assembléia geral.
O título do livro refere-se ao propósito original da comissão, de investigar possíveis irregularidades no acordo milionário de patrocínio entre a CBF e a empresa de material esportivo Nike, porém acabou concentrando-se em outros aspectos do futebol.
Nabuco afirmou que a CBF alegou que as informações da comissão investigadora não são de domínio público e devem permanecer em documentos do Congreso.
Mas Nabuco respondeu que "tudo que foi publicado no livro já havia saído na imprensa, e inclusive foi divulgado ao vivo pela TV Câmara". Não foi possível obter um comentário da CBF sobre o caso.
Uma investigação posterior, elaborada por uma comissão do Senado, confirmou as irregularidades apontadas pela Câmara e também pediu o indiciamento de Ricardo Teixeira.
As investigações do Congresso foram realizadas durante uma fase de crise no futebol brasileiro, com maus resultados no campo e uma situação financeira caótica nos principais clubes.
Segundo Nabuco, o livro dos deputados Rebelo e Torres tem tido um bom volume de vendas desde o lançamento, em novembro.
A editora fez uma primeira tiragem de 2.000 exemplares e, diante da elevada demanda, realizou uma segunda tiragem, com a mesma quantidade de livros. "Temos tido muitos pedidos, por isso fizemos a segunda tiragem", disse o diretor da Casa Amarela. "O livro está disponível em todo o país", completou.