Rio - Zizinho, um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro, morreu na madrugada desta sexta-feira. O ex-jogador, de 79 anos, teve problemas de coração e acabou não resistindo. Ele morreu na casa de sua filha, no Ingá, em Niterói.
O atleta é considerado por muitos o mais completo jogador brasileiro depois de Pelé, tanto que o Rei tinha no meia não só um dos seus grandes ídolos, mas também um exemplo. O talento e a criatividade na armação de jogadas, combinada com a valentia, logo fizeram de Zizinho um dos jogadores mais completos do futebol brasileiro. Aliava dribles perfeitos com uma inteligência em campo bem acima da média, além de ser capaz de desarmar com perfeição e concluir com maestria. Sua fama atravessou fronteiras. Foi comparado pelo jornalista italiano Giordano Fattori a Leonardo da Vinci. Segundo Fattori, o craque era capaz de criar obras-primas com os pés.
Thomaz Soares da Silva nasceu em Neves, subúrbio de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, no dia 14 de setembro de 1921. Começou jogando em pequenos times amadores na região de Niterói até que, em 1937, foi convidado a participar de uma seleção niteroiense. Destacou-se em uma partida contra o Fluminense e passou a chamar a atenção de vários clubes, como Bangu, Madureira e Bonsucesso. No entanto, o interesse esbarrou na falta de dinheiro.
Seu grande sonho era jogar no América, clube do qual era torcedor, mas não foi aprovado. Foi indicado para o São Cristóvão. Ao driblar o médio Afonsinho, levou uma pancada no joelho e resolveu não mais voltar. Partiu então para tentar a sorte no Flamengo, onde faria só um teste. Sua atuação chamou a atenção do então técnico Flávio Costa e Zizinho acabou contratado por 700 mil réis.
Zizinho começou a escrever seu nome entre os grandes do futebol. Logo recebeu o apelido de "Mestre Ziza" . Foi um dos heróis do primeiro tricampeonato do Flamengo, em 42, 43 e 44. Era respeitado até mesmo por adversários. Viveu sua grande fase na década de 40, sendo titular de todas as Seleções Brasileiras. Com a camisa amarela conquistou o título do sul-americano de 1949.
Em 1950, porém, os deuses do futebol viraram-lhe as costas. No dia 16 de julho sofreu a maior decepção de sua carreira. Zizinho era o comandante da Seleção Brasileira que ficou marcada pela inesperada derrota para o Uruguai por 2 a 1 na final da Copa do Mundo em pleno Maracanã. Como amargo consolo, foi eleito o melhor jogador daquele Mundial. Ao todo, foram 31 gols em 54 jogos pela Seleção.
“Perdi o rumo de casa. Morava em Niterói. Até o dia seguinte, eu não sabia bem se tinha atravessado de barca ou de carro. O que me dói é que, respeitosamente, é verdade, perguntam-me, até hoje, porque perdi a Copa do Mundo”, disse Zizinho sobre a fatídica derrota.
Naquele mesmo ano acabou sendo negociado pelo Flamengo. O Bangu pagou 800 mil cruzeiros pelo craque, chocando a torcida rubro-negra. Continuou exibindo sua classe, mas não conseguiu levar o alvirrubro da Zona Oeste carioca ao título. Em 57 foi contratado pelo São Paulo e ajudou o Tricolor a conquistar o Campeonato Paulista daquele ano, um título que estava quase perdido.
Nesta época, já era tratado pelos companheiros como "Seu Zizinho". Pensou em parar no ano seguinte, mas o amor pela bola o levou ao Chile, onde atuou pelo Audax Italiano. Encerrou sua brilhante carreira em 1962, pouco antes da Copa do Mundo disputada naquele país.