Belo Horizonte - O presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella, afirma que não está preocupado com a situação financeira do fundo de investimentos Hicks, Muse, Tate & Furst. “A situação da Hicks não faz a menor diferença. Podemos sobreviver sem eles", assegura o dirigente, referindo-se às especulações quanto ao rompimento do contrato de parceria com o clube.
Perrella diz que não criará qualquer empecilho para uma rescisão de contrato. “Podemos fazer um acordo de cavalheiros, desde que não prejudique o Cruzeiro", salienta o presidente do clube. No contrato não está prevista nenhuma multa por rescisão.
O dirigente admite até que esse tipo de parceria no futebol tende mesmo a fracassar. “As empresas têm como objetivo ganhar dinheiro, e os clubes, a formarem grandes times. São objetivos conflitantes. Acho difícil dar certo, mas fiz porque achei interessante para o Cruzeiro", reconhece Perrella. Para ele, o maior erro da Hicks foi desconsiderar que a maior fonte de receita dos clubes ainda é a venda de jogadores.
A Hicks Muse passa por dificuldades financeiras, agravadas pela crise econômica argentina, e inclusive já fechou seu canal de TV, a PSN, e vendeu por R$ 1,00 sua participação de 50% na Traffic. O Corinthians, que também tem parceria com a Hicks Muse, reclama de atraso no pagamento dos salários e direito de imagem dos jogadores.
No Cruzeiro, os efeitos dos prejuízos sofridos pelo patrocinador ainda não foram sentidos. Em janeiro, a própria Cruzeiro Licenciamentos gerou, com as cotas de televisionamento e os contratos assinados com a Topper e a Lousano, os R$ 2,5 milhões que deveriam ser repassados pela empresa norte-americana. Por contrato, a HMTF terá de investir R$ 32 milhões no Cruzeiro este ano.
A anunciada saída de Dick Law da presidência da Pan-American Sports Team - ele deve ser substituído pelo brasileiro Flávio Maria, executivo da PSN - também não preocupa Perrella. “A Hicks não tem qualquer influência no Cruzeiro", justifica.
Estádio
O presidente do Cruzeiro reitera que pretende construir um estádio para o clube, nos próximos anos. Até janeiro de 2003, a Hicks Muse terá de definir se irá ou não construí-lo, conforme contrato. Perrella quer adiantar essa resposta, pois tem uma proposta de um banco de investimentos de Portugal para construir o estádio.
Sem revelar nomes, o dirigente demonstra que o projeto está bem adiantado. O estádio terá capacidade para 40 mil torcedores e custará US$ 50 milhões. “O grupo português quer construir o estádio e, por 30 anos, explorar apenas 5 mil cadeiras cativas e os camarotes. O restante seria nosso. Minha intenção é ser parceiro do empreendimento", revela.
Segundo cálculos de Perrella, seriam necessários US$ 20 milhões para iniciar o projeto, US$ 10 milhões de cada lado, e o restante viria de um financiamento já acertado. “Vou fazer o estádio, nem que seja com o dinheiro do clube."
O presidente admite vender o lateral Sorín por US$ 9 milhões, se a Lazio chegar a essa proposta. “O Cruzeiro só é forte porque vende jogadores. Daqui a dois anos, Sorín poderá deixar o clube de graça", argumenta.