São Paulo - Luizão não está arrependido. Nem mesmo o fato de ficar longe dos gramados, a pouco mais de três meses do início da Copa do Mundo, o faz pensar em voltar atrás na decisão de processar o Corinthians.
O atacante falou sexta, em entrevista coletiva à imprensa, que gosta do Corinthians, respeita a torcida e o presidente Alberto Dualib, mas que não deve gratidão nenhuma ao clube que não paga corretamente seus vencimentos há quase quatro meses.
"Eles renovaram comigo quando me machuquei no ano passado por interesse. Queriam me vender depois – explica um Luizão que não faz questão de esconder a mágoa com o Corinthians e com o parceiro do clube, o fundo de investimentos Hicks Muse. Leia trechos da entrevista:
Negociação
"No ano passado já estavam me devendo dois meses. Já naquele período houve um desgaste muito grande do Edvar Simões (Gerente de Futebol) e até resolvi falar diretamente com o presidente (Alberto) Dualib. Não costumo ir à sala da presidência, mas daquela vez fui. Com novos problemas neste ano, nos reunimos eu, o presidente Dualib, o Dick (Law, diretor da Hicks Muse) e o diretor financeiro da empresa. Me disseram que eu tinha duas opções: entrar na Justiça e esperar três, quatro anos para receber o meu dinheiro ou tentar um acordo. Cheguei a propor que me dessem 100% de meu passe em troca da dívida. Então faríamos um novo contrato. Não me deram uma resposta na hora, esperei alguns dias e, sem uma posição, entrei com a ação".
Dívida
"Não acho que fui precipitado. Já tive uma experiência negativa de um ano de atrasos no Vasco. Tem uma hora em que o jogador tem de tomar uma atitude. Antes de tomar a decisão conversei com minha família e todos me apoiaram. Em novembro e dezembro eu dei recibos, não recebi e tive que pagar impostos (Luizão tem três contratos de imagem em nome de sua empresa, a Goulart Empreendimentos Esportivos). Enquanto todo o elenco vinha recebendo todo o salário, eu recebia 30%, 40%. Inclusive o Dick pediu para que eu conversasse com o grupo, dissesse para eles que nos próximos seis meses a situação estaria complicada, para eles abaixarem os salários. Eu disse que não faria, que a diretoria é que tinha de conversar com eles"
Europa
"Fui eu que não quis ser vendido agora no início do ano. Desde o ano passado, na minha renovação, eu tenho 25% do meu passe. Na ocasião, renovaram meu contrato, mesmo estando machucado, por interesse, porque queriam me vender mais para frente. Agora no início do ano estavam loucos para me vender, me oferecendo para toda a Europa. Acertaram com o Betis para negociar 50% do meu passe por US$ 3,5 milhões, mas não quis ir. Não tinha garantia que jogando na Europa iam pagar o que me devem aqui, nem pagar minha parte na negociação"
Seleção
"Tenho confiança de que vou à Copa do Mundo. Sei que vou estar jogando em algum clube em breve, mas não tinha cabeça para continuar fazendo meu trabalho no Corinthians com essa situação. Conversei com o Felipão depois do jogo contra a Arábia (dia 6 de fevereiro) e eu não seria convocado para o jogo do próximo dia 7 (contra a Islândia). O Luiz Felipe pediu para eu intensificar o treinamento físico e é o que estou fazendo. Continuo tratando da contratura na virilha direita (que sofreu em jogo contra o América, dia 9 de fevereiro) e como vocês podem ver já estou bem mais magro"
Futuro
"Não tenho nada certo com clube nenhum. Estou pensando apenas em acertar minha situação com o Corinthians e no nascimento da minha filha Yasmin, que deve acontecer na próxima quinta-feira. E um retorno ao Corinthians não está descartado mais pra frente. A torcida sabe o quanto eu gosto do clube".