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Crise faz clubes espanhóis criarem plano econômico
Sábado, 23 Fevereiro de 2002, 14h31

Madri - Os clubes espanhóis de futebol aprovaram um novo sistema financeiro de auto-regulamentação, designado para garantir que as equipes mantenham suas finanças em dia e evitem possíveis ameaças de falência.

O sistema foi aprovado pelos clubes das duas principais divisões na Espanha que atenderam à um encontro extraordinário da Liga Profissional de Futebol (LFP) na sexta-feira.

``A Liga entende que é necessário colocar esse plano em ação...para consolidar a posição econômica da Liga e lidar com a alta inflação de gastos que os clubes têm'', disse o secretário geral da LFP, Toni Fidalgo.

O novo sistema envolve uma escala decrescente de punições para os clubes que fiquem em situações financeiras difíceis.

Uma cartilha inicial terá medidas que podem prevenir o clube de fazer novas contratações.

Como último recurso, aqueles que falharem em resolver seus problemas financeiros podem ficar fora da liga profissional e relegado à terceira divisão. O novo sistema será controlado por uma comissão composta por economistas autônomos sem qualquer ligação com os clubes profissionais.

Javier Miranda, presidente do modesto Osasuna, disse que ficou satisfeito com a introdução do novo sistema.

``O acordo de balancear o controle da economia é uma boa notícia, especialmente para um clube como o Osasuña, que é cuidadoso em gastar apenas com o que recebe. Outros clubes gastam dinheiro com novos jogadores sem perceber que estão com muitas dívidas'', disse Miranda.

A decisão de implementar o novo plano econômico coincide com a investigação da Receita Federal Espanhola em 18 clubes que jogaram na primeira divisão entre 1996 e 1999 e que de acordo com relatórios, devem cerca de 182,7 milhões de dólares ao imposto de renda.

Coincide também na mesma semana em que o clube da primeira divisão Las Palmas anunciou que precisa de um investimento em torno de 7,85 milhões de dólares para sobreviver até o final da temporada.

Muitos clubes espanhóis adquiriram várias dívidas e mesmo os maiores e bem sucedidos não ficaram imunes às dificuldades financeiras.

O Real Madrid, por exemplo, oito vezes campeão europeu e um dos maiores da Espanha, fechou um acordo em que seu centro de treinamento será transformando em centro empresarial e assim arrecadar fundos para saldar dívidas que chegam a 250 milhões de dólares.

Uma fonte de ouro vital para os clubes é o dinheiro gerado pelas TVs mas desentendimentos sobre futuros negócios na transmissão de jogos começaram a brotar entre os clubes.

Os clubes da segunda divisão apoiaram o acordo coletivo com as TVs, mas os clubes da primeira divisão também têm que aprovar.

O Real Madrid e o Barcelona -- os dois clubes que dominam as transmissões no país -- já negociaram seus próprios acordos com as TVs.

Mas o presidente do Osasuña avisou que os grandes clubes não podem ignorar as necessidades das equipes pequenas que precisam do repasse das TVs também. ``Real e o Barça podem ser os mais populares da liga, mas eles ainda precisam de nós e não podem esquecer disto'', disse Miranda.

Reuters

 

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