São Paulo - Em 1986, Nelsinho Baptista estava iniciando sua carreira de treinador. Longe da badalação que começaria com o vice-campeonato paulista de 1990, pelo Novorizontino, o treinador dirigia o Mogi Mirim. Ao seu lado, um jovem era o responsável pela preparação física do time: Oswaldo Alvarez. Neste domingo, os dois amigos estarão em lados opostos.
"Nós temos uma relação familiar. Sempre estamos saindo para jantar e conversar", conta Nelsinho, que trabalhou com Vadão até 1989.
Mas a influência do treinador do São Paulo na carreira do amigo continua. No início do ano passado, Nelsinho, que comandava a Macaca, foi convidado para dirigir o Tricolor. Não aceitou, mas indicou Vadão.
No segundo semestre, quando já havia sido contratado para substituir o indicado, Nelsinho mais uma vez deu uma força para Vadão. Ele deu o aval para a contratação dele pelo seu ex-clube, que perdera Marco Aurélio.
"Aqui eu não poderia assumir na ocasião. Na Ponte foi só uma consulta da diretoria", diz Nelsinho, que deverá escalar Reinaldo como companheiro de França no ataque. Maldonado também retorna.
Amizade à parte, os dois treinadores esperam um duelo difícil no Morumbi. E para explicar como será o encontro dos dois, Vadão recorre a uma história bíblica. "Eu e Nelsinho somos como irmãos, mas desta vez seremos como Caim e Abel. Espero ser o Caim", filosofa o treinador. Os dois personagens eram irmãos, mas Caim matou Abel.
Em suas conversas, os dois treinadores aproveitam para trocar idéias sobre futebol. Isso faz com que eles não esperem grandes surpresas no jogo deste domingo. A isso, soma-se o conhecimento do período em que eles trabalharam nos adversários.
"Não acredito que um possa surpreender o outro. Conversamos muito sobre táticas. Além disso, conheço 90% do elenco do São Paulo e ele 90% da Ponte", acredita Vadão.