Lisboa - O futebol, e não as questões econômicas ou sociais, domina as manchetes dos jornais portugueses às vésperas das eleições gerais de 17 de março.
Em um país cuja população de apenas 10 milhões de habitantes consome três publicações diárias de esportes, os líderes partidários tiveram o cuidado de misturar o futebol com suas propostas para incentivar a economia do país, em processo de desaceleração.
"Uma campanha eleitoral que se via dominada por um desinteresse geral e pela monotonia se torna de repente viva por causa do futebol. Esse é o mais recente evento 'estranho' a acontecer neste país", escreveu o colunista Edgar Correia no jornal Público.
As publicações de terça-feira mostraram o líder do Partido Socialista (atualmente no poder), Eduardo Ferro Rodrigues, jogando futebol de botão com Manuel Alegre, vereador e poeta.
O líder do Partido Social Democrata, José Manuel Durão Barroso, da oposição, foi fotografado em um comício ao lado do famoso jogador Eusébio e do brasileiro Jardel.
No mesmo comício, o presidente do maior clube de Portugal, o Benfica, deu seu apoio aos social-democratas, que lideram as pesquisas de opinião de votos, mas não têm a garantia de que conseguirão conquistar a maioria das 230 cadeiras do Parlamento.
As eleições foram convocadas em dezembro depois de o primeiro-ministro Antonio Guterres ter renunciado em virtude da derrota sofrida pelos socialistas nas eleições municipais.
A campanha para o pleito nacional começou oficialmente no domingo e acabou relegada a um segundo plano por causa de divergências sobre a construção de novos estádios.
O presidente Jorge Sampaio pediu que os partidos não faturem politicamente com a controvérsia sobre os estádios, que levou o presidente da Uefa, Lennart Johansson, a advertir Portugal de que poderia perder o direito de receber a Euro 2004 caso não realizasse as obras prometidas.