Rio - Apesar do decepcionante empate na quarta-feira, o Flamengo ainda tem remotas chances de classificação à segunda fase da Libertadores da América.
Mas, se o futuro na competição é incerto, o mesmo não se pode dizer do destino do time no caso de eliminação precoce. Sem as generosas cotas das próximas fases da Libertadores, nem a possibilidade de disputar a final do Mundial Interclubes, em Tóquio, não restará outra saída à diretoria que não seja cortar ainda mais a folha de pagamento do futebol no segundo semestre. O resultado disso será um time enfraquecido e com poucas estrelas na Copa dos Campeões e no Campeonato Brasileiro.
Juan vai? - O desmonte começaria tão logo o time fosse eliminado na Libertadores. Mas como o mercado está fechado até o fim da Copa do Mundo, em julho, a alternativa do Flamengo é pensar no futuro. A venda de Juan é inevitável. Os dólares da negociação do zagueiro para um clube da Europa serviriam para pagar dívidas com jogadores e garantir salários em dia até o fim do ano. Mas isso só não basta.
Beto e Leonardo, que têm contrato até julho, também devem sair. O mesmo acontecerá com Juninho Paulista caso não seja envolvido na negociação de Gamarra para o Atletico de Madrid. Athirson é outro que dificilmente emplacará o segundo semestre na Gávea. Se o lateral conseguir recuperar a boa forma do ano 2000, pode ser negociado para a Europa. Petkovic é a única estrela com chances concretas de ficar. Mas desde que aceite a renegociação de seu contrato de imagem, que hoje lhe rende US$ 165 mil mensais (R$ 396 mil).
Prejuízo - Lápis e papel na mão, não será pouco dinheiro que o Flamengo perderá caso saia da Libertadores na primeira fase. A classificação para as oitavas-de-final garantiriam ao clube, que está recebendo US$ 450 mil pela participação na competição, mais US$ 200 mil. Chegando às quartas-de-final, US$ 300 mil seriam embolsados. A semifinal vale US$ 400 mil. Na decisão, os prêmios são gordos: US$ 1 milhão para o vice e US$ 2 milhões para o campeão. Resumindo, o título valeria mais de US$ 3,3 milhões.
Se uma reviravolta não acontecer, a meta do Flamengo será enxugar em R$ 3 milhões a folha de pagamento até o final do ano. Como o corte só será feito no segundo semestre, precisará ser de RS$ 500 mil mensais - atualmente, a folha é de mais de R$ 2 milhões. O superintendente de futebol do clube, Walter Srour, tenta minimizar o estrago que a saída da Libertadores causaria:
''Seria um baque, mas não muda tanto o planejamento. É claro que sem a perspectiva de ir a Tóquio, não manteremos o que poderíamos, nem investiremos o que poderia investir. Mas não haverá desmonte.''
Com quatro pontos em quatro jogos no Grupo 8, o Flamengo precisa vencer os dois próximos jogos, ambos fora de casa, para conseguir a classificação: contra Olimpia e Universidad Católica. ''Não concordo que o Flamengo esteja praticamente eliminado. Temos condições de vencê-los'', anima-se Juninho, tentando contagiar os companheiros.