São Paulo - Jogador de futebol, de uma maneira geral, não gosta de lidar com a imprensa. A maioria até reconhece a importância de estar na mídia (proporciona novos contratos e oportunidades), é atraída pelos holofotes e pelas câmeras de TV, mas normalmente se sente desconfortável com o bombardeio de perguntas.
Outros sequer suportam a rotina de entrevistas e dezenas de perguntas depois de um treino, de um jogo. Falam, mas são "ossos do ofício".
O goleiro Dida faz parte desse segundo time. Reservado, introvertido, só dá entrevistas na antevéspera ou após os jogos do Corinthians.
"É que eu não quero perder a concentração no jogo. Prefiro me reservar. É bom porque vocês podem entrevistar o Doni, o Rubinho...", diz.
Ultimamente, porém, Dida tem aberto algumas exceções. Há três meses ele diz que vem trabalhando a imagem. Mas nada oficialmente.
"O pessoal da assessoria do Corinthians me ajuda com relação a isso", diz ele, nome certo como um dos três goleiros da Seleção no Mundial.
Segundo a assessoria do clube, o goleiro recebe o mesmo tratamento que os demais jogadores.
Ausência na convocação
"Ele (Luiz Felipe Scolari, técnico da Seleção Brasileira) tem que estar sempre à vontade para convocar quem ele quiser. Só vão ser chamados 23 jogadores, então é preciso ter paciência. Ele já me conhece e sabe que, se precisar, pode contar comigo."
Copa do Mundo
"Não estou garantido, não. Faltam dois amistosos. Continuo trabalhando aqui para ser lembrado. Por estar perto da Copa, a preparação tem que ser ainda mais forte no clube."
Relação com a imprensa
"A imprensa dá muito mais espaço para os erros do que para os acertos. Se você erra hoje, vão falar desse erro até a semana que vem. Mas as coisas boas são esquecidas no dia seguinte. (A reportagem lembra o recente gol de Alex, contra o São Paulo, repetido dezenas de vezes pelas TVs). É, foi um lindo gol. Só há exceção para coisas assim, fora do comum."
Pressão no futebol
"A profissão é complicada. Se o jogador não tiver equilíbrio na hora de receber elogios e críticas, que são muitas, ele não consegue jogar. Eu já recebo (as críticas) com naturalidade. Podem falar o que quiserem. Tenho minha autocrítica e sei me analisar."
Imagem pessoal
"Tenho assessor, mas ninguém que trabalha só para mim. Há três meses o pessoal do Corinthians me ajuda com relação a isso. As informações são passadas por eles e você trabalha em cima disso (segundo a assessoria, essa ajuda se restringe ao meio-campo entre os jogadores e os meios de comunicação)."
Relacionamento no futebol
(A reportagem cita entrevista feita com o técnico Emerson Leão, quando este assumiu a Seleção e disse que Dida "estava esquecido na Itália precisando de ajuda". Pergunta se ele se considera bem relacionado no meio). "Não sei, não penso nisso. Fico feliz e satisfeito porque os treinadores que passaram pela Seleção (com Zagallo disputou as Olimpíadas de 96, como titular, e a Copa de 98, como reserva, Vanderlei Luxemburgo, Leão e Felipão) gostam do meu trabalho."
Passagem pela Itália
"Aprendi muito na Itália. Apesar de não estar jogando, conheci o futebol europeu e aprendi bastante sobre variações táticas. O futebol italiano se resume a táticas. A diversidade é grande. Foi um amadurecimento."
Futuro pós-carreira
(A reportagem pergunta se ele pensa em ser técnico depois de encerrar a carreira). "Por ora, não. Ainda é cedo para parar de jogar. Até porque sou goleiro, e goleiros costumam ter vida profissional mais longa que um jogador de linha."