Seul - A Coréia do Sul disse na segunda-feira que vai enviar um representante à Coréia do Norte para tentar encerrar meses de impasse entre os dois países e aliviar a tensão política na região antes do começo da Copa do Mundo, em junho.
Numa decisão surpreendente, o presidente Kim Dae-jung disse que seu assessor Lim Dong-won -- criador da política de aproximação com o Norte que valeu o Nobel da Paz a Kim -- deve viajar a Pyongyang para negociar ``com paciência e decisão''.
As relações entre os dois países, que oficialmente ainda estão em guerra, apesar do armistício de 1953, foram rompidas em novembro, com o fim do contato oficial entre ministros dos dois lados. A situação se agravou no começo deste ano, quando o presidente norte-americano, George W. Bush, incluiu a Coréia do Norte no seu ``eixo do mal'' e acusou o país de tentar produzir armas de destruição em massa. A partir de então, o regime comunista do Norte adotou uma retórica agressiva contra os EUA.
``O diálogo intercoreano é essencial para as negociações entre Coréia do Norte e EUA e para a normalização das relações entre o Norte e o Japão'', disse Kim num comunicado divulgado pelo governo sul-coreano.
Ele disse que sua idéia é começar a negociação com objetivos fáceis, para avançar progressivamente até a reunificação. Foi a mesma tática que levou a Alemanha Ocidental (capitalista) a se aproximar da Oriental (comunista), política que contribuiu para a queda do Muro de Berlim, em 1989, e a reunificação, no ano seguinte.
O enviado de Kim disse que a atual missão tem três objetivos: evitar problemas durante a Copa do Mundo que vai acontecer na Coréia do Sul e no Japão, entre 31 de maio e 30 de junho; manter a retomada do crescimento econômico no Sul; e implementar um acordo firmado em 2000, para permitir reuniões de famílias divididas e outras questões práticas que levem à reaproximação.
``Sem paz e estabilidade, a península pode ter graves problemas. Não podemos receber a Copa sem paz na península coreana'', afirmou Lim. O Japão e os EUA elogiaram a iniciativa sul-coreana.
A oposição disse que a viagem de Lim é positiva, mas não a qualquer preço. O Grande Partido Nacional afirma que a missão deveria ter aprovação parlamentar e consenso nacional, e que não deveria ser comandado por Lim, que já foi ministro da Reunificação e chefe da espionagem.
O governo do Sul espera que Lim seja recebido pelo líder do Norte, Kim Jong-il. A agência oficial de notícias do Norte confirmou a visita e disse que ela servirá para discutir ``a grave situação que vive a nação''.