Rio – Zico é o maior ídolo da história do Flamengo. Agora pretende usar a cabeça para tirar o clube de uma crise sem precedentes. Dando o braço a torcer à sua, até então, irreversível idéia de não entrar na política para não ter a imagem arranhada, o Galinho de Quintino admitiu nesta quarta, antes de gravar seu programa “Memórias do Zico”, em uma emissora de rádio, que pode concorrer à presidência ou comandar o futebol como empresa.
De imediato, Zico rechaça qualquer iniciativa por ter contrato com o Kashima Antlers, do Japão, em que é diretor, até o final deste ano. Por isso deixa reticências para o futuro.
“Agora, não posso assumir nenhum compromisso, nem pensar no Flamengo. Eu sou movido pelo prazer e independentemente de se tornar empresa, se me der na telha, posso concorrer”, admite.
A experiência adquirida no futebol japonês é levada à risca em seu clube, o CFZ. Por zelar sempre por uma conduta equilibrada e organizada, ele abre um leque de restrições à atual administração rubro-negra, começando pela política financeira, especificamente no caso Petkovic.
“É fácil fazer futebol se comprometendo a pagar um salário sem poder. É fácil o dirigente dizer que, por amor ao clube, vai contratar. Como podem oferecer R$ 300, 400, 500 mil ao Pet se não podem pagar?”
Zico, então, envereda para a área da Lei da Responsabilidade. Para ele, dirigentes só agem desta forma por falta de penalidade. Desta vez, tira o pé e não critica a gestão de Edmundo dos Santos Silva.
“O grande problema é que não existe responsabilidade dos dirigentes. O Flamengo não está nessa condição à toa. Não é só culpar a atual administração. Todos estão para se servir do clube e não ao clube.”
Sempre correndo contra o tempo devido aos inúmeros compromissos, Zico acredita que a crise do Flamengo é o reflexo da desorganização que impera no futebol brasileiro.
“O CFZ paga profissionais sem competição a jogar. Fiquei um mês no Japão e, quando volto, vejo tudo da mesma forma. Cheguei a conclusão de que perdi meu tempo indo depor na CPI.”