Rio - Eles foram rebeldes no seu tempo e a seu jeito. Paulo César Caju, tricampeão do mundo em 70, o atleticano Reinaldo, da Copa de 78, e Renato Gaúcho, cortado por Telê Santana em 86, a exemplo de Romário se viram em meio à polêmica de não disputarem uma Copa do Mundo mesmo tendo os nomes na boca dos torcedores.
Paulo César, que segunda-feira será homenageado num evento em Porto Alegre como um dos maiores pontas da América Latina, estava em grande forma em 1977. Participou das Eliminatórias para o Mundial de 1978, até reivindicar em nome do grupo um prêmio maior para os jogadores nas vitórias da Seleção. ''Acabei cortado pelo Cláudio Coutinho e pelo almirante Heleno Nunes, o presidente da CBF. Era uma época em que os militares ainda mandavam'', recorda.
Nem por isso Paulo César pediu desculpas. ''De jeito nenhum. Nunca pedi e não peço desculpas para ninguém. O que eu fiz foi sentar o pau nos militares nas crônicas que eu escrevi na Copa para o Pasquim '', conta.
Paulo César é irredutível, mas compreeende Romário. ''Eu não faria, mas acho que ele foi sincero. Mostrou que quer disputar a Copa de qualquer jeito, abriu o coração'', disse.
Renato Gaúcho, que pulou o muro da concentração em Belo Horizonte e foi cortado por Telê Santana da Copa de 86, ficou sensibilizado com a atitude de Romário. ''Se ele errou mesmo e pediu desculpa, teve um gesto de grandeza. Ele deixou a vaidade de lado, logo ele que eu conheço bem. Achei legal '', contou.
Reinaldo acompanhou a entrevista coletiva de Romário. E viu sinceridade nas palavras do atacante. ''Claro que ele foi sincero. O Romário mostrou o quanto quer ajudar o Brasil a ganhar essa Copa'', disse.
Ex-atacante do Atlético Mineiro, titular na Copa do Mundo de 78 e deixado no Brasil por Telê Santana em 82, Reinaldo faz coro com o clamor nacional em favor de Romário. ''O Felipão não pode abrir mão de um jogador com o talento dele''. Jogador fora-de-série nos anos 70/80, Reinaldo exalta Romário. ''Ele é um fenômeno. Dentro da área, um dos maiores jogadores que eu vi atuar no mundo''.
Jairzinho, o Furacão da Copa de 70, não precisou pedir para ser convocado. Mas apoiou a atitude de Romário, que disse entender como um gesto de quem sabe da sua importância para a Seleção numa Copa do Mundo. ''Ele ficou emocionado de verdade. Está vendo que a Copa está chegando, não consegue ser convocado e foi sincero. O Romário sabe que uma Copa é o auge de qualquer carreira, tem o direito de pedir para não ficar de fora'', disse Jairzinho, que na sua época não teve de submeter a nenhuma cartilha de comportamento. ''Quando um jogador chega à Seleção já é profissional o suficiente para precisar de cartilha.