Por que a São Silvestre não é mais como era antigamente
A corrida mais tradicional do Brasil vai ser disputada às 8h da matina do dia 31, o que praticamente a tira das comemorações de Ano Novo
Era uma vez uma corrida charmosa que durante muito tempo fez parte da virada do ano. Com o tempo, passou a ser disputada à tarde e manteve-se prestigiada, com o domínio dos corredores quenianos, como Paul Tergat, o maior vencedor da São Silvestre com cinco vitórias.
Como repórter cobri a prova algumas vezes, principalmente quando fiz parte do saudoso jornal A Gazeta Esportiva. Era difícil escapar dessa missão, que me obrigava a ficar em São Paulo, perdendo a chance de pular as sete ondas do mar.
Mas o grande barato da corrida, com seus personagens famosos ou não, compensava a ausência de praia. E vez por outra um brasileiro surpreendia como Emerson Izerbem, vencedor em 97.
Em 98, por exemplo, fui pra Paulista sem pauta. O chefe de reportagem me jogou lá pra buscar algo diferente. Consegui mostrar o contraste de São Paulo através de dois moradores da capital.
Uma obra estava sendo construída e os operários cumpriam a jornada até as 18h, sem poderem acompanhar a corrida. Entrevistei um deles que sairia do trabalho de forma apressada porque tinha um churrasco marcado no extremo da zona leste com a família, onde comemoraria a chegada do novo ano.
Depois, fui conversar com uma mulher moradora da avenida Paulista, que acompanharia a corrida da janela do seu belo apartamento e depois passaria o Ano Novo sozinha.
Histórias de uma grande cidade como São Paulo. É uma pena que algumas coisas não voltem mais. A São Silvestre desde 2012 passou a ser disputada na parte da manhã. Nesse ano, sem o horário de verão, vai começar às 8h da matina. Já não tem o mesmo apelo, vai se afastando cada vez mais do ano que vai chegar para se confundir com a ressaca do ano velho. Uma pena.