Copa 2010 – O Mundial da desorganização

Daniel Thompson, torcedor brasileiro

Renato Pazikas

Após marcar presença nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro em 2007, e nos Jogos Olímpicos de Pequim no ano seguinte, o paulista Daniel Thompson viajou para a África do Sul para acompanhar de perto a Copa do Mundo pela primeira vez.

O torcedor de 31 anos escolheu a partida entre Brasil e Coreia do Norte para fazer sua “estreia” na competição. Apesar da vitória apertada da Seleção de Dunga, Thompson encontrou todos os tipos de problemas antes e depois de a bola rolar no estádio Ellis Park, em Johannesburgo.

Terra: Como você analisa a organização da Copa do Mundo em comparação ao Rio 2007 e a Pequim 2008?

Daniel: Foi uma surpresa porque o Rio foi muito ruim e complicado. Fiquei negativamente surpreso porque foi ainda pior. O povo é muito simpático e amigo, mas organização e estrutura são básicas pra um evento. Deixou a desejar comparando com Pequim. Dou nota 2 para Johannesburgo e 9 para Pequim. Ficou claro que o país está sendo testado agora, durante a Copa do Mundo.

Terra: Como foi o dia do jogo do Brasil? Você teve dificuldades para chegar ao estádio?

Daniel: Fui com o carro e procurei o park and ride (estacionamento) que ficava a dois quilômetros do estádio. Tínhamos a informação de que era só apresentar o ingresso do jogo para pegar o shuttle (ônibus). Mas não. Tivemos que voltar até um shopping para comprar o ticket de estacionamento. Perdemos uma hora e meia com isso. Se estivéssemos em cima da hora, perderíamos o jogo. A saída do estádio foi terrível, aquela “muvuca”. Um quarteirão foi bloqueado e ficamos uma hora e meia esperando para pegar o shuttle no frio (temperatura de -1°C após a estreia do Brasil).

Terra: E a entrada ao estádio? Como foi o esquema de segurança fora e dentro do Ellis Park?

Daniel: Chegamos ao primeiro portão com detector de metais, que tinha 40 metros de fila. Esperamos alguém fazer uma revista, mas não aconteceu. Apenas policiais picotando os ingressos e seguimos andando. Olhei o detector de metais, piscando a luz vermelha, e fui embora. Não revistaram nada. Se eu tivesse uma mini metralhadora na mochila eu teria passado. No portão principal, mais confusão ainda. A fila não andava. A gente via parte do estádio. Apagava a luz e acendia. Toda vez que a luz apagava, as catracas paravam de funcionar. Fomos por outro portão, que era da área VIP. Portão aberto e as pessoas entrando. Eu entrei sem mostrar o ingresso, que custou US$ 160. Estão permitindo entrada de pessoas que chegam com qualquer tipo de credencial, sem ingresso. Começamos a procurar nosso lugar e não tinha ninguém pra dar informação. De repente apagou a luz, aí acendeu de novo e encontramos um policial. Cheguei ao meu assento faltando cinco minutos para começar o jogo. Havia ainda muita gente sentada em lugares errados.

Terra: Você viajou pelo país? Teve problemas de estrutura nesse sentido?

Daniel: Não. Viajamos pela Garden Route, uma rodovia bem legal. A estrutura de turismo é realmente muito boa. As estradas são ótimas e há muitas opções boas de hospedagem".

Terra