Etcheverry: “Até hoje Bolívia comemora vitória sobre Brasil”
Seleção Brasileira perdeu pela primeira vez nas Eliminatórias há 25 anos
Marco Etcheverry não entra na lista dos principais carrascos do futebol brasileiro. Quando se fala em derrota dolorida, logo vem à cabeça o uruguaio Ghiggia, autor do gol que deixou em silêncio o Maracanã, na Copa de 50. O italiano Paolo Rossi, que fez três gols contra a mítica Seleção Brasileira de 82, também atormenta até hoje os brasileiros. E o que dizer então do francês Zidane, vilão em duas Copas: 98 e 2006.
Mas em termos de façanha a vitória da Bolívia por 2 x 0 sobre o Brasil, no dia 25 de julho de 1993, não fica muito a dever, guardadas as devidas proporções. Até essa derrota, a Seleção Brasileira ostentava uma invencibilidade de 34 jogos e de quase 40 anos nas Eliminatórias, que começaram a ser disputadas na Copa de 54. “Vencer o Brasil na época só em sonho. Foi um momento muito especial. Por isso faz 25 anos que nós comemoramos”, revela Etcheverry, considerado por muitos o melhor jogador da história da Bolívia.
Antes de fazer o primeiro gol, Etcheverry sofreu um pênalti, desperdiçado por Sanchez, que parou em Taffarel. O mesmo Taffarel que logo depois levaria um dos gols mais esquisitos da história. Etcheverry saiu em velocidade do meio de campo, invadiu a área pela esquerda e levou a melhor sobre Valber. O meia chutou sem ângulo, quase da linha de fundo, e o goleirão desviou com o calcanhar para o gol. “Foi uma infelicidade muito grande do Taffarel e muita sorte minha. Taffarel sempre foi um dos meus ídolos”, relembra o meia boliviano.
A Bolívia fez mais um gol e venceu a partida por 2 x 0. A vitória incendiou os bolivianos, que se classificaram para disputar uma Copa do Mundo pela terceira vez. Antes, como convidados disputaram o Mundial de 30 e de 50.
“Foi a partida que marcou a nossa classificação porque nos trouxe muita confiança. Teve feriado na Bolívia no dia seguinte. E no final fomos os únicos a derrotar aquela Seleção, que ganhou a Copa depois”, diz orgulhoso Etcheverry.
O meia até hoje é parado na rua pelos bolivianos e fica sensibilizado com o carinho, mas ao mesmo tempo também lamenta. “É muito triste também porque faz 25 anos que comemoramos e não tivemos nenhuma alegria depois disso.”
Como todos os bolivianos, Etcheverry é fanático pelo futebol brasileiro e, apesar de ter colecionado títulos jogando no Chile e no Equador, ele coloca outra vitória contra um time do Brasil como um dos principais feitos, a do DC United, dos Estados Unidos, sobre o Vasco, pela Copa Interamericana, que depois foi extinta. “Só joguei três anos na Bolívia e vivi meu melhor momento no Colo Colo, do Chile. Mas essa vitória sobre o Vasco também ficou marcada. Era uma disputa do campeão da Libertadores contra o campeão da Concacaf.”
A passagem vitoriosa pelos Estados Unidos fez com que Etcheverry se tornasse amigo de Ronaldinho Gaúcho. “O Barcelona fazia pré-temporada lá e ficamos bem próximos. Admiro os jogadores brasileiros. Zico foi meu primeiro ídolo e também sou fã de Ronaldo Nazário”, confessa o carrasco boliviano, que hoje é técnico e estuda propostas.