Luxa abre o jogo: “Só volto a ser técnico se for pra ganhar”
O treinador descarta a aposentadoria, mas já vem apostando em novos projetos
O ano de 2018 terminou sem Vanderlei Luxemburgo no banco de reservas. Desde que deixou o Sport, em outubro de 2017, o técnico dono de 5 títulos brasileiros não dirigiu mais nenhuma equipe.
“Pra eu voltar tem que ser pra ganhar, em equipes que tenham condições de brigar por Libertadores, Copa do Brasil, Brasileirão. Recebi várias propostas, mas nenhuma com esse perfil. O que o Sport acrescentou pra mim? Nada. O projeto que eles prometeram foi por água abaixo. Dirigente é tudo igual”, desabafa Luxemburgo.
O técnico tomou essa decisão, porque segundo ele as pessoas não perdoam. “Fizeram isso com o Zagallo depois da Copa de 74, com o Telê, que perdeu duas Copas e virou pé frio. Veja o meu caso. O Brasileiro tem 38 jogos, 12 times grandes disputando e mais 8 com tradição. No Paulista, qualquer um dos quatro grandes pode ganhar. E aí quando acaba, o Luxemburgo não ganhou, o Luxemburgo acabou. Quando você é um vencedor, eles não admitem que você não ganhe”, diz o treinador.
Por essas e outras, Luxa decidiu comprar a briga dos treinadores brasileiros. “Faço isso porque somos muito bons. Somos pentacampeões sem nenhum estrangeiro dirigindo nossa Seleção. Tem alguém mais vencedor do que o Felipão? Depois daquele acidente, aquela derrota vexatória, ele foi pra China e foi campeão. Voltou pro Palmeiras e foi campeão de novo. Agora ele voltou a ser bom?”, ironiza.
Luxemburgo acha que os técnicos estrangeiros são muito valorizados. “Eu vejo jogos lá fora. Não há nada diferente em questões táticas. A diferença é que eles têm dinheiro pra contratar os melhores jogadores. É o caso do Palmeiras: tem dinheiro, contratou 25 jogadores e foi campeão. O futebol continua igual. Isso é que faz a diferença.”
O técnico também critica o papel atual do diretor-executivo, o que estaria até atrapalhando sua volta ao futebol. “O interessante é que quando fazem pesquisa sobre os favoritos pra assumir São Paulo, Santos, meu nome sempre aparece em primeiro. O torcedor quer e por que isso não se concretiza? Será que tem a ver com o tal do diretor-executivo? Eles assumiram o papel do treinador de montar elenco, contratar jogadores. Eles têm que executar, mas é o técnico que tem que escolher o que é melhor pro time”, entende Luxemburgo.
Embora admita ter cometido muitos erros na carreira, Luxemburgo não esquece de um em especial, que lhe custou o emprego no Real Madrid, em 2005. “Eu bati boca com o Florentino Pérez (presidente do Real) na saída para o vestiário. Ele veio me cobrar porque tirei o Ronaldo no final da partida contra o Getafe. O Beckham tinha sido expulso no primeiro tempo. O jogo ficou complicado e eu quis segurar o resultado. Ele me disse que no Real o treinador não pode fazer isso e eu respondi que eu era o técnico e podia fazer sim. Deveria ter esperado as coisas se acalmarem e falado com ele no dia seguinte”, lamenta o treinador, que acabou demitido no dia seguinte.
Luxemburgo também não se conforma de ter sido chamado de ultrapassado em um programa de entrevistas. “Ele não tinha o direito de me chamar de ultrapassado pela história que eu tenho. Em 93, eu já usava a mesa tática de futebol. Sempre procurei me atualizar. Aí no mesmo programa o outro diz que eu não sei falar inglês. A linguagem da bola é universal. Infelizmente, o Brasil não fala inglês.”
Enquanto aguarda um novo projeto que o leve de volta ao futebol, Luxemburgo tem apostado em um canal no youtube e estuda entrar como investidor na compra de um canal de TV em Tocantins. “Quero ver se é isso mesmo que eu quero fazer. Aí posso criar um programa de entrevistas, dar cursos. Por enquanto é um esquema quase amador. O lance da TV é só investimento.”