O que Ayrton Senna e Renato Russo têm em comum?
Os dois teriam 60 anos se estivessem vivos, mas as coincidências vão muito além do mesmo ano de nascimento
1985. Tancredo Neves vence a eleição indireta e é o primeiro presidente civil depois dos 21 anos de ditadura militar. Ele não chega a ser empossado, mas os novos ventos democráticos trazem esperança para o país. Nesse mesmo ano, a Legião Urbana, liderada por Renato Russo, lança seu primeiro LP, que tem o mesmo nome da banda. E em 85, depois de brilhar com a pequena Toleman um ano antes, Senna conseguiu a primeira vitória da carreira no GP de Estoril, em Portugal, já dirigindo pela Lotus.
A partir daí cada um foi conquistando sua legião de fãs. Senna se tornou tricampeão mundial e é considerado por muita gente o maior piloto de todos os tempos. Já a Legião Urbana, liderada por Renato Russo e que já havia estourado desde o primeiro disco com sucessos como “Será” e “Geração Coca Cola”, foi a cada ano mais cultuada.
Mas o fato é que tanto Senna como Renato Russo espelhavam um momento de mudança e de esperança. Nos domingos pela manhã, as vitórias de Senna enchiam os brasileiros de orgulho. Já a poesia de Renato nos ensinava: “nem foi tempo perdido, somos tão jovens”. Mas o poeta não esquecia das mazelas sociais e das injustiças em versos que ainda parecem tão atuais, como na música “Duas tribos (1965)”, escrita em 1989.
Quando querem transformar
Dignidade em doença
Quando querem transformar
Inteligência em traição
Quando querem transformar
Estupidez em recompensa
Quando querem transformar
Esperança em maldição
Ainda bem que podemos matar a saudade de Renato Russo ouvindo as músicas da Legião Urbana. E temos a sorte de poder rever as vitórias de Senna, que continua emocionando até quem não tinha nascido na época em que ele correu, caso do meu filho Felipe. Nessa semana, vimos juntos uma sequência de “Baú do Esporte” no Sportv, em homenagem ao tricampeão, e as lágrimas escorreram do seu rosto, quando a TV reprisou o acidente que matou o piloto.
Ídolos são eternos.