Um título que vale por 100 anos
No aniversário dos 465 anos de São Paulo, as lembranças de um Corinthians e Palmeiras pelo Paulistão de 1954
O velho pai escala até hoje o Corinthians de 54. Gilmar, Homero e Alan; Idário, Goiano e Roberto Belangero; Cláudio, Luizinho, Baltazar, Rafael e Simão. Ele adorava e ainda adora contar histórias do tal esquadrão: do galã Gilmar, do Idário, do gerente Cláudio, do cabecinha de ouro Baltazar. Esse com direito a trilha musical, cantarolando a marchinha que fizeram para o centroavante: “Um a zero no placar, gol de Balthazar.”
Mas o personagem preferido dele e que atiçava a imaginação dos garotos que ouviam suas histórias era Luizinho, o Pequeno Polegar. Luizinho, o herói de 1,65m, o baixinho destemido que saía driblando quem viesse pela frente. Luizinho, que certa vez sentou na bola para descansar, depois de tanto driblar, driblar e driblar.
Na memória do pai, o drible era o que importava para Luizinho, que saiu da várzea para virar herói no Parque São Jorge. E ele sempre terminava contando que em um jogo o Pequeno Polegar saiu da defesa e foi driblando todo mundo, mas ao invés de fazer o gol, decidiu voltar driblando todo mundo de novo.
Apesar da preferência pelo drible, Luizinho fez 175 gols com a camisa alvinegra, entre eles o que garantiu o título do Campeonato Paulista de 1954, o do Quarto Centenário, um dos mais importantes das história do clube e que valeu o troféu do aniversário de 400 anos da cidade de São Paulo.
Claro que o pai lembra de detalhes do jogo e do Palmeiras, que também tinha um esquadrão e que trocou o verde pelo azul por causa de um conselho de um pai de santo ao presidente palmeirense da época. “Pelo menos eles não perderam”, ironiza o pai, porque o empate de 1 x 1, no dia 6 de fevereiro de 1955, no Pacaembu, garantiu o título ao Corinthians.
Um título que vale por 100 anos, mas não é que o danado do tempo já nos avisa que daqui a 35 anos o campeão do Quinto Centenário estará pronto para ser coroado. Sei que pra você parece que foi ontem, meu velho pai, mas já estamos quase em uma contagem regressiva para mais um centenário paulistano.