Londres
- 1948
Tóquio seria a sede da 12a. Olimpíada,
em 1940. Mas a China, que havia sido invadida pelo Japão, protestou.
O Comitê Olímpico, por meio de gestões democráticas, levou os japoneses
a renunciarem a ser a capital dos jogos. A Olimpíada foi transferida
para Helsinque, na Finlândia, mas as tropas soviéticas invadiram o
país. Não havia motivação para a realização dos jogos olímpicos naquele
ano. O mundo estava em guerra.
Em
1944, a 2ª Guerra Mundial impede a realização de uma Olimpíada,
prevista para se realizar em Londres. Os jogos olímpicos não acontecem,
mas a partida disputada pelas grandes potências nos mares, ares
e na terra encontra uma definição. Os aliados vencem a guerra, em
1945, apesar da expressiva vantagem do Eixo - formado por Alemanha,
Itália e Japão - nos primeiros anos do conflito.
Londres
e as principais cidades da Inglaterra foram submetidas a sucessivos
bombardeios alemães. Hitler, diante da impossibilidade de invadir
a Inglaterra e com a perspectiva de celebrar um acordo em separado
com Londres, quebrou o pacto de não agressão com os soviéticos.
Numa ousada operação denominada Barba Vermelha, invadiu a União
Soviética em 1941.
O
panorama militar europeu, em 1944, estava totalmente alterado em
relação a 1940.
Até
abril de 44, os alemães perderam quase toda a Ucrânia. Resta ainda
uma faixa central do território que se estende de Riga (Norte) até
Minsk (Centro) e Koviel (Sul). Em setembro de 1944, os russos já
combatiam em Varsóvia, na Polônia, nas fronteiras da Hungria e em
parte da Romênia.
Somente
em 6 de junho de 1944, apesar dos constantes apelos de Stalin para
a abertura da segunda frente Ocidental na Europa, os norte-americanos
e ingleses desembarcaram na França (Normandia). Os aliados evoluíram
rapidamente sobre o território francês ocupado. Paris foi libertada
em 19 de agosto de 1944. Um segundo desembarque, em 15 de agosto
de 1944, ao Sul da França, libera Toulon e Marselha.
Com
esse panorama, que só iria terminar realmente no ano seguinte, com
a trágica bomba de Hiroshima em 6 de agosto, não havia qualquer
possibilidade para a realização de uma competição esportiva.
Assim,
as pombas brancas que voaram em Berlim ao final das Olimpíadas de
1936 não foram suficientes para garantir a paz e a continuidade
normal do evento. Até que outra revoada acontecesse novamente no
encerramento de outra competição olímpica se passaram 12 anos.
O
mundo em 1948 era outro, repleto de cicatrizes e traumas. O simples
fato de Londres estar sediando a Olimpíada depois da guerra já era
a consagração do espírito olímpico e da fibra dos ingleses. Os historiadores
usam expressões como "incrível" e "comovente" ao descrever o esforço
britânico para realizar a competição.
A
2ª Guerra Mundial acabara três anos antes, mas pelas ruas das cidades
ainda havia ruínas mostrando os frutos da intolerância humana. Londres
sofrera bombardeios quase que diários. Economia se tornou palavra
de ordem no mundo pós-guerra. Poucas obras foram erguidas para os
jogos, pois os investimentos se tornaram escassos. Uma das exceções
foi a Vila Olímpica, projetada de improviso para abrigar mais de
4 mil atletas.
Na
Olimpíada de Londres, não houve resultados surpreendentes. Vários
fatores levaram ao prejuízo técnico. Durante 12 anos, poucas pessoas
no mundo treinaram normalmente. O esporte passou por um recesso
forçado, no qual uma geração de atletas deixou de competir, sem
falar naqueles que morreram em batalhas, campos de concentração
ou até mesmo em casa - as bombas não distinguiam civis de militares.
Como se não bastasse, choveu durante a realização das provas. As
pistas e campos estavam quase sempre alagados.
Um
dos atletas mais aclamados no desfile de encerramento foi a holandesa
Fanny Blankers-Koen. Aos 32 anos, era a mais velha de todas as mulheres
competidoras, tanto que acabou apelidada de vovó e mamãe. Com a
interrupção das Olimpíadas por causa da guerra, não pôde competir
antes. Fanny nem ligava e provou que o desdém dos outros não se
justificava. Ela ganhou quatro medalhas de ouro. Antes, nenhuma
mulher conseguira este total. Os especialistas da época consideravam
sua idade uma eternidade para quem pretendesse disputar provas de
velocidade.
*
A União Soviética não comparece aos primeiros Jogos Olímpicos realizados
depois da 2ª Guerra Mundial, em Londres. Como ocorreu ao final da
1ª Guerra Mundial, os derrotados do conflito não são ``convidados''.
Alemanha e Japão ficam de fora.
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A 14ª Olimpíada reflete o início da guerra fria. A tensão entre
as duas grandes potências vencedoras da guerra, a União Soviética
e os Estados Unidos, se estenderá pelas décadas seguintes.
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A nova ordem mundial sinaliza para a decadência da Europa Ocidental.
São registradas gradativas perdas das colônias da Grã-Bretanha e
da França no Oriente e no Sudoeste Asiático. A Alemanha é destruída
e dividida em Alemanha Oriental e Ocidental. A Itália é parcialmente
destruída.
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A conferência de Yalta, em 1945, aponta para a partilha do mundo
em zonas de influência. Países sob a influência comunista, polarizados
pela União Soviética, se consolidam num bloco econômico e militar
(Pacto de Varsóvia). Países sob a influência da economia de mercado,
polarizados pelos Estados Unidos, se unem na Organização do Tratado
do Atlântico Norte (Otan).
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Em 1947, é anunciado o Plano Marshall, que representa o gigantesco
esforço norte-americano de reconstrução da Europa. Visa também deter
a ameaça da expansão comunista.
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Entre 1944 e 1948, o mundo assiste a várias manifestações e movimentos
nacionalistas de independência. A China, liberta da ocupação alemã
em 1946, inicia sua guerra civil entre comunistas e nacionalistas.
Em 1946, o Vietnã começa a luta contra o domínio francês. O ano
de 1947 coroa também a independência da Índia do domínio inglês,
no movimento liderado por Ghandi. O Paquistão segue o mesmo rastro.
A Birmânia e o Ceilão também conquistam a independência em 1948.
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Esse período consolida a Organização das Nações Unidas (ONU), fundada
em 26 de junho de 1945, com representantes de 50 Estados.
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Em 1948, a ONU determina o estabelecimento do Estado de Israel no
Estado da Palestina. Tem início a primeira guerra moderna entre
árabes e judeus.
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