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Montreal - 1976
O
medo e a preocupação caracterizaram o período que antecedeu à Olimpíada de
Montreal, realizada entre 17 de julho e 1º de agosto de 1976. Medo de que se
repetisse um atentado, como no evento anterior, em Munique, quando 11 atletas
israelenses foram mortos por terroristas palestinos. Preocupação com os
atrasos das obras da Vila Olímpica e com os gastos excessivos. A cidade sede
quase foi à ruína e seus habitantes ficaram pagando a conta durante 20 anos,
através de impostos extras. A explosão do orçamento colocou em discussão o
gigantismo do evento. O porte que a competição alcançou contrariou a promessa
do prefeito Jean Drapeau. Quando anunciou a candidatura da cidade, Drapeau
prometeu reduzir o evento novamente à escala humana. Na época, os meios
esportivos questionavam o caráter superlativo e comercial que pairava sobre o
espírito olímpico.
Montreal
situa-se na província do Quebec, uma ilha de ``franceses'' num oceano de
canadenses de origem anglo-saxônica. Nas Olimpíadas, Montreal tinha 1,4
milhão de habitantes. Historicamente, parte da população do Quebec quer se
separar do Canadá, mas os planos foram sepultados num plebiscito realizado em
outubro de 1995.
Os quatro
edifícios da Vila Olímpica, que juntos tinham a forma de duas pirâmides,
custaram US$ 55 milhões. Pela primeira vez, homens e mulheres ficaram
hospedados na mesma vila. Uma greve de oito semanas atrasou seriamente o
cronograma das obras. Chegou-se a cogitar a transferência da competição para
Dusseldorf, na Alemanha, onde havia ruínas deixadas pelo Campeonato Mundial de
Futebol que lá ocorrera. Para driblar a falta de dinheiro, o prefeito de
Montreal firmou contratos para transmissão das competições pela televisão e
criou uma loteria olímpica. Também passou a vender o direito de uso do
mascote, Amik, que significa castor na língua falada pela maioria dos índios
canadenses. As medidas revigoraram parcialmente os cofres da organização. Com
suas ações, o prefeito tentou mostrar que uma Olimpíada poderia ser
autofinanciada. Na prática, suas idéias não se comprovaram.
A festa de
abertura se realizou num estádio em forma de uma elipse de concreto e aço, o
Maisonneuve Park de Montreal. Caso chovesse, o local seria coberto em questão
de minutos por um gigantesco guarda-chuva translúcido, que se abria
automaticamente do alto de uma torre inclinada de 18 andares. A Rainha
Elizabeth, da Inglaterra, inaugurou a cerimônia, desagradando os canadenses de
ascendência francesa.
Três horas
antes de começar, não se sabia ao certo o número de participantes, devido a
desistências, principalmente dos países africanos. Eles se retiraram em
protesto à presença da Nova Zelândia, que mantinha relações com a racista
África do Sul. A delegação de Israel desfilou com uma faixa preta, em
memória dos atletas assassinados em Munique. O encerramento ocorreu no mesmo
local. O primeiro espetáculo do programa foi a apresentação de 500 moças,
vestidas de branco, fazendo evoluções coreográficas. Ao final, elas formaram
os cinco círculos olímpicos, enquanto eram iluminadas por refletores.
Em seguida, 75
índios de diversas tribos do Canadá entraram marchando no estádio olímpico
anunciando a chegada dos atletas. Lord Killanin, presidente do Comitê Olímpico
Internacional, recebeu saudações de três casais de atletas gregos, canadenses
e soviéticos. Eles representavam as primeiras, a de Montreal e a próxima
Olimpíada. Ao som de tiros de canhões, oito atletas levaram a bandeira
olímpica para fora do estádio.
O clímax do
encerramento aconteceu quando as luzes do estádio diminuíram de intensidade,
até ficarem visíveis apenas a tocha e os cinco círculos. A chama se apagou e
em enormes painéis eletrônicos surgiram as palavras Mockva - Moscou - Moscow
80. Dois satélites transmitiram imagens da capital soviética. Em seguida
apareceram na tela cenas da URSS: Estádio de Moscou, Monte Lenin, Edifício
Bolshoi e Torre Spasskaya. Enquanto isso, um coral cantava temas do folclore
soviético e um grupo dançava na Praça Vermelha. Em Montreal, os tambores dos
índios vibraram. No final da festa, as 500 jovens acenderam tochas e os 72 mil
espectadores as velas que receberam na entrada.
* A Olimpíada
de Montreal, em 1976, é marcada pela onda de boicotes que vai se repetir nos
jogos subseqüentes, em Moscou e em Los Angeles. As grandes ausências são de
toda a comunidade africana, à exceção de Senegal, Costa do Marfim e Tunísia.
O protesto desses países africanos é contra a presença da Nova Zelândia, que
permitira que um time de rugby jogasse na África do Sul, onde predominava a
política do Apartheid.
* China e
Formosa também se recusam a participar dos jogos. O conflito decorre da
utilização do nome de China por Formosa.
* A crise
mundial do petróleo é a grande questão que marca o início da década de 70,
nos anos anteriores aos jogos de Montreal. Trata-se, de fato, do final do grande
ciclo de crescimento econômico, iniciado após o final da II Guerra Mundial. O
novo panorama se configura depois de 1973, quando o Oriente Médio força a
elevação dos preços do petróleo. Há desemprego em massa nos principais
países da Europa e nos Estados Unidos.
* No Vietnã do
Sul, o conflito chega ao fim, após a retirada das forças americanas. Os
comunistas tomam o poder no Vietnã, Laos e Camboja (1975).
* No Oriente
Médio, tem início a quarta guerra árabe-israelense (1973). Os árabes forçam
a triplicação dos preços do petróleo, como forma de pressionar a comunidade
internacional. No Líbano, em 1975, é dada a partida da guerra civil que se
estenderá pelos próximos 15 anos.
* Morre Mao
Tsé-Tung, na China (1976). No governo de seu sucessor, Deng Xiaoping, começa a
reorientação econômica e política do país.
* Na Europa,
caem as últimas ditaduras do continente: a de Portugal (1974), que põe fim ao
salazarismo; a da Grécia (1974), que acaba com o regime dos coronéis, e a da
Espanha (1975), com a morte de Franco.
* Na América
Latina, é deposto o governo socialista de Salvador Allende, no Chile, através
de violento golpe militar (1973). Allende é assassinado durante a quartelada
chefiada por Augusto Pinochet. Estima-se que foram 20 mil mortos nos anos de
repressão que se seguiram ao golpe.
* Na África,
tornam-se independentes Angola e Moçambique (1975).
* No plano
tecnológico, 1976 registra o início das operações do primeiro serviço de
passageiros do transatlântico supersônico Concorde.
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