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Moscou - 1980
Antes mesmo de começar, a Olimpíada de Moscou já proporcionara um grande fato. Pela primeira vez um país comunista, a União Soviética, sediava a maior festa mundial do esporte. O Muro de Berlim ainda fraturava o coração e a alma da Alemanha. As nações ainda estavam divididas ideologicamente, cada metade armada até os dentes. Estes fatos só aumentavam a importância do evento ocorrer no antigo império dos czares, que abria suas portas para o mundo. A festa teria sido completa se não houvesse o boicote liderado pelo principal convidado, os Estados Unidos, ausente em protesto à invasão do Afeganistão pela União Soviética, em 1979.
Foi uma Olimpíada diferente de todas as outras. As ruas da cidade sede não tinham o colorido das propagandas de cigarros, bebidas, combustíveis ou qualquer outro bem de consumo. Em Moscou, os cartazes apresentavam palavras de ordem do regime que, no decorrer da década, ruiu pelas mãos de Mikhail
Gorbachev.
Moscou guardava muitas novidades para os turistas: a Praça Vermelha, Kremlin, Catedral de São Basílio, Universidade de
Lomosonov, Ballet Bolshoi, Circo de Moscou e um metrô de 169 quilômetros que corta toda capital. Os cuidados com a imagem da cidade chegaram aos extremos. Já nos últimos meses de 1979, o governo retirava delinquentes e bêbados das ruas. A intenção era passar uma imagem imaculada do regime para cerca de 500 mil visitantes e bilhões de telespectadores.
Os soviéticos prepararam uma gigantesca Vila Olímpica, com 18 edifícios de 16 andares cada, concebida como um conjunto residencial. No futuro, deveria tornar-se, gratuitamente, um bairro para 15 mil pessoas. Por esta razão, os moscovitas não questionavam os gastos. Moscou, na época, tinha um problema crônico de falta de moradia na área metropolitana. A redução do espaço residencial de cada habitante evitava a formação de favelas. Vários estádios eram inteiramente novos. Outros foram reformados e adaptados. Próximo ao Estádio Central
Lenin, construiu-se um outro para ginástica, com pilares que lembravam as pernas de uma aranha. O velódromo desafiava as leis da gravidade, com sua cobertura de concreto similar a uma borboleta gigante. A organização foi feita com tanta antecedência que não houve atraso no cronograma das obras - um fato inédito na história das Olimpíadas.
A abertura ocorreu no Estádio Central
Lenin, no dia 19 de julho, comandada pelo presidente Leonid Brejnev. O governo soviético pretendeu fazer uma espécie de maior espetáculo da terra, protagonizado por 16 mil jovens. O rico folclore soviético esteve representado por seus bailarinos. Sergio
Belov, capitão da equipe soviética de basquete, acendeu a Pira Olímpica. Cinco mil pombas ganharam liberdade durante a cerimônia. Um jogo de cartelas coloridas encenado nas arquibancadas mostrava mensagens e figuras, como o ursinho
Misha. A inspiração para o inesquecível animalzinho veio de contos e fábulas infantis. Além disso, nos bosques da Rússia, Sibéria e do Cáucaso viviam cerca de 100 mil ursos.
Segundo a tradição, a bandeira olímpica deveria ser trazida por Jean
Drapeau, prefeito de Montreal, cidade que sediou a Olimpíada anterior. Como o Canadá participou do boicote liderado pelos Estados Unidos, Drapeu não foi ao país. Mandou como representantes Sandra Henderson e Stephane
Prefontaine, duas jovens que carregaram a tocha olímpica em Montreal. Algumas delegações protestaram contra a invasão do Afeganistão desfilando com a bandeira olímpica, ao invés da nacional.
O final da Olimpíada de Moscou começou ao som de 170 fanfarras. Cinquenta jovens vestidas com sacerdotisas gregas apagaram a pira. A festa prosseguiu repleta de bailarinos, acrobatas, ginastas e carros alegóricos transportando matrioskas (tradicionais bonecas russas). Misha apareceu numa versão gigante, medindo oito metros de altura e cercado por 500 dançarinos. A simpática criatura acenava para o público enquanto era levada por balões até um lugar desconhecido do céu. Enquanto partia, uma orquestra de 700 músicos interpretava uma canção soviética. As cartelas coloridas acionadas por 4.500 pessoas na arquibancada deram o tiro de misericórdia em quem ainda não estava emocionado. Com uma incrível precisão, Misha chorou. Algumas lágrimas rolaram pelo seu olho esquerdo. Se o império soviético queria atenuar os erros do regime, por alguns momentos acabou conseguindo.
* Como protesto à invasão soviética no Afeganistão, em 1979, os Estados Unidos resolvem boicotar a Olimpíada de Moscou. Pela primeira vez, os Jogos são realizados num país comunista. Sessenta e três nações aliadas dos Estados Unidos seguiram o exemplo norte-americano e não compareceram aos jogos.
* No Irã, cai o xá Reza
Pahlevi. É instaurada uma República Islâmica. Reativa-se, no Oriente, brutal rejeição ao Ocidente. Há vigoroso retorno de parâmetros políticos religiosos, que remontam ao apogeu da cultura muçulmana.
* Em 1979, 52 funcionários da embaixada americana no Irã são seqüestrados. A ação, que tem o apoio do Estado iraniano, é uma forma de pressionar o governo norte-americano a extraditar o ex-xá. A operação não dá resultados.
* No final da década de 70, acontece violenta guerra entre chineses e vietnamitas. A invasão do Camboja pelo Vietnã se segue à expulsão do brutal governo do Khmer Vermelho.
* Na América, têm início as guerras civis da Nicarágua e de El Salvador.
* No Japão, começam a acontecer as primeiras mudanças que irão se consagrar na década de 80, tais como a automação, a difusão do sistema
``just-in-time'', a chamada terceirização e o emprego maciço de computadores.
* Três papas ocupam num curto espaço de tempo o trono de Pedro, na Santa Sé. O papa Paulo 6o., morto em 1978, é sucedido por Albino
Luciani. Sob o nome de João Paulo 1o., Luciani governa apenas 33 dias. Em seu lugar é eleito o primeiro papa polonês, Karoul
Woytila, que assume o nome de João Paulo 2º.
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