Mario Sérgio Lopomo era um "profissional" dos chats. Segundo ele, sua tática era infalível: "Eu logo falava: sou artista plástico e tenho mãos grossas", conta divertindo-se. Suas aventuras pelo mundo dos encontros virtuais duraram de 1997 a 2000. "Era uma época em que eu não tinha grana para sair", diz ele. Apesar disso, neste período, ele foi de São Paulo - onde mora - para Campinas, Santos, Jundiaí, São Bernardo e Mogi das Cruzes, para encontros com garotas que conhecera na web.
Naquele tempo, a conexão ainda era muito lenta e, de acordo com Mario, enquanto a resposta de uma não chegava, já estava conversando com outra. Ele era metódico, para não se perder nas conversas anotava tudo: tipo, fulaninha de tal é médica, gosta disso ou daquilo. Tudo para não cometer gafes.
A outra ponta dessa história é a estilista Andréa Damasceno. Ela também era adepta aos bate-papos, mas nunca tinha saído do mundo virtual para o real. "Conversava com alguns, mas nunca tinha encontrado ninguém pessoalmente. Conversei até com um cara que disse que tinha inventado o Vaporetto!", confessa, rindo, a estilista.
No ano de 2000, os dois se cruzaram numa mesma sala de chat e, depois de uma conversa, que se estendeu pelo telefone, resolveram marcar um encontro.
Não mandaram fotos, nem criaram personagens mirabolantes do tipo: sou loira, 1,80m, siliconada. Encontraram-se em um local público. Andréa conta que pensou, no primeiro encontro, que ele "seria um cara legal para namorar". Mesmo sem criar grandes expectativas, a estilista diz que "você sempre acha que vai encontrar o homem da sua vida, que vai se apaixonar".
E o romance dos dois foi começando assim, aos poucos. "Ele me deu uma canseira", diz Andréa. "Ficou dormindo lá em casa uns três meses, daí eu perguntei se nós éramos namorados e ele disse 'não sei'", completa. Mas o tempo mostrou que os dois tinham potencial para uma relação.
"A gente descobriu que tinha muita coisa em comum, até freqüentava os mesmos lugares, mas nunca tínhamos nos encontrado, antes daquele papo na sala de chat", diz Mario. Desde 2003, os dois passaram a morar definitivamente juntos e hoje têm uma filhinha, Alice (foto). "Um amigo diz que somos o casal-conceito", diverte-se Mario, referindo-se ao fato dele ser artista plástico e Andréa, estilista.