Solly Boussidan, Direto da Antártida
Uma das primeiras grandes curiosidades de visitantes encantados pela beleza dos icebergs da Antártida tem a ver com a cor azulada destes gigantes dos mares. Geólogos e cientistas a bordo de expedições que recebem turistas têm a explicação na ponta da língua: “Na realidade, o iceberg é azul pelo mesmo motivo que a água do mar é azul – a absorção do espectro vermelho da luz”. A luz é refletida em quase sua totalidade (luz branca) no espaço entre o gelo e o ar. Para que seja visível, qualquer objeto precisa refletir pelo menos parte do espectro luminoso.
No caso da neve e do gelo, as milhares de bolhas de ar presentes no seu interior refletem a luz quase que integralmente, conferindo seu aspecto branco. Nos icebergs e glaciares, conforme o gelo vai se comprimindo, as bolhas de ar vão sendo expelidas, aumentando a densidade do gelo. A ligação entre oxigênio e hidrogênio da água é excelente para absorver o espectro amarelo e vermelho, mas absorve mal o espectro azul da luz – o gelo absorve o espectro vermelho de forma até seis vezes mais eficiente do que consegue absorver o espectro azul.
Quanto maior for a área de gelo atravessada pela luz, menos espectro vermelho sobrará e, portanto, mais profundo será o tom de azul observado. Espessuras inferiores a um metro geralmente ainda refletem quantidade suficiente de outras faixas do espectro luminoso para que continuem tendo aparência branca. “Somente quando a luz atravessa cerca de um metro é que começamos a observar tons azuis no gelo”, explica Wolfgang.
Foto: Solly Boussidan / Especial para o Terra