Segundo o professor Renato Antônio Alves, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), a violência é algo que deve ser debatido na própria escola. Para ele, são dois os principais motivos que levam ao comportamento agressivo: a falta de obediência às regras - não só por parte dos alunos, mas de todos no ambiente escolar - e a falta de respeito à figura do professor - o que, muitas vezes, é culpa do próprio educador.
Alves explica que as regras na escola devem ser claras e respeitadas. Ele afirma que, se um aluno quebra uma regra, ele deve ser levado à diretora e punido adequadamente - chamando os pais para uma conversa, por exemplo. “Hoje, se a professora leva o aluno à diretoria e esta não aplica uma punição, o recado que está sendo dado, tanto ao aluno quanto à professora, é de que as regras podem ser quebradas”.
Por outro lado, o professor deve transmitir segurança, estar predisposto a ajudar e auxiliar o aluno. "O professor que a gente respeitava era aquele que mostrava algum tipo de autoridade, mas não é aquele que grita, que se impõe pela força, mas sim pela autoridade do saber, que ele conquista na relação com o outro, pela admiração pelo saber que ele tem", diz Alves.
"A figura do professor tem uma função mediadora, mas quando isso não acontece, abre espaço para a violência". Segundo o especialista, se o aluno não aprende a respeitar os limites e não vê no professor uma figura de respeito e confiança, ele vai "se virar do jeito que ele conseguir". "Esses casos mostram a limitação que você tem com o diálogo e podem se desdobrar nessas situações que aparecem no jornal (de violência)".