A eugenia já teve validade científica

No fim do século 19, o matemático inglês Francis Galton sugeriu critérios de seleção artificial para o aprimoramento da raça humana. "Era comum uma ideia racista de que havia uma raça superior", explica o professor de História da Ciência da Universidade de São Paulo (USP) Gildo Magalhães. É nesse período também que nascem os estereótipos de que negros seriam mais fortes; brancos, mais inteligentes; e amarelos, mais perseverantes, complementa o professor.

Na concepção de Galton, era perigoso permitir que raças com degenerações se perpetuassem, e seria necessário incentivar casamentos só dentro da própria raça. Outros exemplos vão além da questão racial. Conforme a teoria eugênica, casar um alcoólatra com uma pessoa sadia (ainda que da mesma raça) resultaria em filhos degenerados. A ideia da teoria, portanto, era proibir casamentos sem a aprovação prévia de uma junta médica. "A teoria foi aceita e defendida por médicos eugenistas, passando pela Europa, pelos Estados Unidos e pelo Brasil", comenta o professor da USP. Apesar de ter sido aceita como uma teoria científica - tendo influenciado a política, a dinâmica policial de identificação de suspeitos, e inspirado a eugenia nazista que visava à pureza racial -, hoje a eugenia não tem comprovação nem validade para a ciência.

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