A primeira guerra do século 21, que para muitos aconteceria no espaço, foi detonada por um ato cometido sem o uso de armas tecnologicamente avançadas. No seqüestro dos aviões que foram transformados em mísseis e atingiram o World Trade Center e o Pentágono, nos Estados Unidos, os terroristas utilizaram apenas facas e estiletes. Depois da retaliação norte-americana ao Afeganistão - com modernos aviões espiões e mísseis teleguiados -, a suposta resposta dos terroristas veio pelo correio.
Correspondências contaminadas com a bactéria antraz foram enviadas para vários locais. Cinco pessoas morreram e treze foram infectadas. A primeira vítima foi Robert Stevens, de 63 anos, editor do tablóide The Sun, um dos jornais publicados pela American Media. Stevens morreu no dia 5 de outubro de 2001, após desenvolver a versão pulmonar da doença.
Logo depois, cartas com o bacilo foram enviadas para os escritórios das três maiores redes de TV dos EUA, em Nova York, e para o gabinete do líder da maioria democrata no Senado, Tom Daschle, em Washington. Uma onda de alarmes falsos, ameaças infundadas e trotes sobre supostos atentados com antraz em diversos países causaram o pânico mundial de um ataque biológico.
Para piorar, em 21 e 22 de outubro de 2001, Thomas Morris, de 55 anos, funcionário da agência central dos correios de Brentwood, em Washington, e seu colega Joseph Curseen, de 47, morreram por causa do antraz pulmonar, a forma mais letal da doença. As mortes mostraram que a correspondência contaminada havia espalhado esporos da bactéria pelo sistema mecânico dos correios. Todos os funcionários do serviço norte-americano de postagem foram colocados em alerta.
No dia 31 de outubro, a teoria de que as cartas estavam funcionando como "vetor" para os atentados foi comprovada. Kathy T. Nguyen, 61 anos, uma funcionária do Hospital de Olhos, Ouvidos e Garganta de Manhattan, em Nova York, morreu por causa do antraz. Ela trabalhava ao lado da sala de correspondência do hospital.
Porém, a quinta morte foi mais misteriosa. Otillie W. Lundgren, de 94 anos, morreu no vilarejo rural de Oxford, em Connecticut, no dia 21 de novembro. Ela não tinha qualquer ligação com os lugares que receberam cartas com antraz ou departamentos do serviço público.
Depois disto nenhum outro caso foi anunciado. As investigações não chegaram a qualquer conclusão sobre os autores dos atentados, exceto que as cepas do vírus utilizado foram produzidas nos EUA.