Com fortuna calculada em US$ 600 milhões - grande parte dela dedicada a financiar o terrorismo - o saudita Osama Bin Laden é hoje o homem mais procurado do planeta. Apontado como mentor dos atentados de 11 de setembro, o líder do grupo guerrilheiro Al-Qaeda conseguiu escapar da campanha norte-americana contra o Afeganistão. Sobre seu atual paradeiro, há muita especulação e poucas conclusões.
Nascido na Arábia Saudita, Bin Laden é filho do milionário da construção civil Abdulrahaman Awadh. Na década de 80, aos 22 anos, Osama se juntou aos muçulmanos do Afeganistão que lutavam contra a invasão da União Soviética ao país. Usou o dinheiro da família para financiar guerrilheiros, mas também a construção de escolas e hospitais no país. À sua volta, formou-se um pequeno exército de mercenários vindos de várias partes do Oriente Médio. Com o fim da guerra, os mercenários voltaram a seus países. Muitos foram vistos como uma ameaça pelos governos e assassinados, mas Bin Laden, protegido pelo nome e a fortuna da família, foi preservado.
Na campanha contra a União Soviética, durante a Guerra Fria, Bin Laden combateu ao lado dos norte-americanos. A partir da Guerra do Golfo, em 1991, porém, ele mudou sua postura em relação aos Estados Unidos. Conforme um especialista, Osama se opunha à presença das tropas norte-americanas na Arábia Saudita, alegando se tratar de solo sagrado, proibido aos "infiéis" não-muçulmanos. Mesmo se colocando ao lado do Iraque, Bin Laden ainda tentou uma saída política, apresentando propostas que evitassem a "profanação" do solo árabe, mas ficou enfurecido ao saber que os militares tinham planos mais definitivos na região. Terminada a guerra, sua raiva aumentou com a instalação de uma base permanente dos Estados Unidos na Arábia.
Bastou um ano para que o ódio de Bin Laden contra os Estados Unidos resultasse em ações. Em 1992 – um ano depois de deixar a Arábia e se abrigar no Sudão –, seu nome foi relacionado a um ataque que matou 18 soldados norte-americanos da força de paz das Nações Unidas na Somália. No ano seguinte, foi apontado como mentor do atentado à bomba contra o World Trade Center, em Nova York, que deixou seis mortos. Já naquela ocasião a intenção era causar uma tragédia. Acredita-se que os terroristas tentaram demolir o lado da base de uma das torres gêmeas, fazendo-a cair sobre a outra. Depois, as duas desabariam sobre outros prédios, causando milhares de mortes. Enquanto isso, outros grupos de terroristas explodiriam mais prédios e pontes na cidade, formando um cenário de caos. Esses planos, porém, nunca foram comprovados.
Enquanto isso, no Sudão, Bin Laden planejou as ações de uma guerra muçulmana. Do país africano partiram ordens e dinheiro do saudita para mercenários remanescentes do Afeganistão lutarem ao lado dos muçulmanos na Bósnia contra os sérvios, na Chechênia contra os russos e na Caxemira contra os indianos. Enquanto isso, Bin Laden tinha uma vida tranqüila. Pessoas que o conheceram disseram se tratar de um homem educado, que fazia as orações diárias e contava com a proteção do líder religioso Omar El-Bashir, ideólogo do governo islâmico no Sudão. Como pagamento pela proteção, construiu duas estradas e o aeroporto do país. Só em 1996, quando a pressão internacional se tornou insuportável para o governo sudanês, o milionário foi convidado a se retirar e se refugiou no Afeganistão. Desde 1994, ele já não tinha a cidadania saudita, retirada por seu país.
O governo norte-americano garante que Bin Laden planejou do Afeganistão os atentados contra as embaixadas dos Estados Unidos no Quênia e na Tanzânia, que deixaram 224 mortos. Ele também é acusado de montar campos de treinamento para terroristas de sua organização, Al-Qaeda. Em 2001, Bin Laden assumiu ser o responsável pelo atentado ao destroyer USS Cole, em outubro do ano anterior, que causou a morte de 17 marinheiros.
A organização Al-Qaeda tem, conforme os Estados Unidos, um número de células no exterior que atingiriam de 35 a 60 países. Também de acordo com os norte-americanos, ele mantém ligações com outras organizações terroristas, como a Jihad, do Egito, e Abu Sayyaf, das Filipinas. O objetivo da luta, de acordo com ele, é fazer os Estados Unidos deixarem o Oriente Médio e desistirem da proteção a Israel. "O que ele quer é a volta à Idade Média, a saída do Ocidente daquela região", disse a ex-secretária de Estado norte-americana, Madeleine Albright.