Acredita-se que o Exército Popular Revolucionário (EPR) tenha começado a atuar na década de 70, dividindo as raízes com o Partido Revolucionário Operário Campesino União do Povo - Partido dos Pobres (PROCUP-PDLP). Idealizado e fundado por Felipe Martínez Soriano, ex-reitor da Universidade de Oxaca, o braço armado do partido fez sua primeira aparição pública no dia 28 junho de 1996, quando mais de 5 mil mexicanos lembravam as vítimas de uma emboscada armada por paramilitares um ano antes, na qual 17 pessoas haviam sido assassinadas, em Águas Blancas.

O batismo de fogo chegou dois meses depois. Vários comandos armados atacaram quartéis e administrações públicas em Acapulco e outros áreas turísticas de Guerrero e Oaxaca, causando 13 mortes. No ano seguinte, novas emboscadas deixaram cerca de 30 mortos, ao menos a metade deles, guerrilheiros.

Uma das principais características que diferenciam o EPR de outros grupos revolucionários mexicanos, como os zapatistas, é o uso de armas. Além disso, não descartam assaltos a bancos e sequestros de empresários para captar recursos. Não há estimativas oficiais de quantos militantes compõem o EPR, mas se sabe que ele está presente em 21 Estados mexicanos. O grupo é formado essencialmente por camponeses, indígenas, operários e colonos ou habitantes de comunidades marginalizadas. Sua principal força é a formação de células clandestinas integradas por no máximo cinco pessoas, que se vinculam a outras células.

Segundo reportagens do jornalista Raymundo Rivapalacio no jornal El Universal, os guerrilheiros são assessorados pelo grupo terrorista basco ETA, que teria ensinado aos mexicanos o manejo de explosivos e a logística de sequestros. A pressão do governo contra a guerrilha foi intensificada em 1998, quando o grupo realizou ataques simultâneos em Oaxaca e na Cidade do México. Desde então, mais de 60 supostos guerrilheiros foram presos e ao menos 30 mortos em combate.

Em 1999, por diferenças ideológicas, o EPR sofreu uma ruptura. A divisão deu origem a outros movimentos guerrilheiros, como o Exército Revolucionário do Povo Insurgente (ERPI), as Forças Armadas Revolucionárias do Povo (Farp) e a Tendência Democrática Revolucionária do Povo (TDRP). No entanto, o EPR segue sendo a coluna central dessas organizações armadas. Entre os líderes do grupo estão Gabriel Alberto Cruz Sánchez e Raymundo Reyes Anaya, supostamente sequestrados em maio de 2007. Meses depois do desaparecimento de seus dois líderes, o grupo explodiu gasodutos e oleodutos estatais em protesto e garantiu que seguirá atuando militarmente enquanto eles não forem entregues com vida, o que não aconteceu até hoje.

Em 2006, antes de Felipe Calderón assumir a presidência do México, os principais representantes da guerrilha disseram que não o reconheciam como Chefe de Estado porque não havia chegado ao poder de forma legítima, e anunciaram que, durante seu governo, continuariam a guerra popular prolongada. Em novembro daquele ano, as Farp assumiram a responsabilidade por ataques com bombas à sede do Partido Revolucionário Institucional (PRI), a diferentes bancos e ao Tribunal Eleitoral do Poder Judiciário da Federação (TEPJF).

Exército Popular Revolucionário

Soldados do EPR saúdam moradores na praça central de Teconaga, ao sudeste de Acapulco - Foto: AFP