A história do ETA, grupo busca a independência total do País Basco – região que abrange o norte da Espanha e o sudoeste da França – , começou no século XIX, com o jovem Sabino Arana, um basco nascido em
Abando. No final de 1870, Arana sofreu com as Guerras Carlistas, conflito que dividiu o país entre os partidários de Carlos María Isidro de Borbón (absolutistas ou carlistas) e os apoiadores de Isabel II
(liberais) pela sucessão do trono espanhol. Após o conflito, a região recebeu uma onda de imigrantes oriundos de outras regiões da Espanha e viu o liberalismo colocar os tradicionais valores bascos em
segundo plano.
Arrasado pela guerra e arruinado financeiramente, Arana transformou seu carlismo em nacionalismo basco. Estudou Direito em Barcelona e voltou disposto a definir uma nova ideologia para sua terra natal, fazendo do idioma basco (euskera) seu elemento central. Criou uma nova ortografia, muitas palavras e até um novo calendário para santos. Daí para política foi um passo. Em 1892, aos 27 anos, Arana publicou 'Bizkaya por su independência', documento que serviu de base para a criação do Partido Nacionalista Basco (PNV), a semente do ETA.
Durante o século XX, os objetivos do nacionalismo basco se modificaram, mas o argumento independentista de Sabino Arana não. Euskadi, a Pátria Basca, continuava sendo o sonho da região.
Após a Segunda Guerra Mundial, os bascos republicanos fizeram renascer um nacionalismo feroz e tentaram colocar os aliados, vencedores do conflito, em oposição à ditadura espanhola. Em 1953, no entanto, a Espanha reatou relações diplomáticas com os Estados Unidos. Frustrados, dois grupos nacionalistas bascos – Ekin e Euzko Gastedi del Interior (EGI) – se deram conta que não poderiam esperar ajuda externa para conseguir a independência. E internamente, o Partido Nacionalista Basco (PNV) dava indícios de que também se alinharia com os americanos.
A única solução para os membros do Ekin e do EGI foi romper com o PNV e, em 31 de julho de 1959, fundar o Euskadi Ta Azkatasuna (ETA), uma facção disposta a abrir um novo capítulo na história do nacionalismo basco. O ETA não iniciou sua história praticando os atos terroristas pelos quais ficou conhecido mundialmente. Nos dois primeiros anos de existência em meados do século XX, a organização estava preocupada com o futuro das tradições bascas, reagindo ao rápido desenvolvimento industrial espanhol.
Mas, descontentes com os ares de mudança que sopravam na Espanha e sem perspectivas de obter seus objetivos pela via política, os nacionalistas bascos optaram por ações violentas. O primeiro atentado aconteceu em 1961, quando uma bomba explodiu em um trem que transportava veteranos do regime Franco. Foi nesse momento que se delineou que o ETA seria um movimento, e não um partido. O objetivo: a independência total da região, cujo sistema de governo seria uma espécie de socialismo feudal baseado nos valores da família.
Os atentados perduraram duas todas as décadas restantes do século XX. Em 2001, a União Europeia declarou o ETA uma organização terrorista pela primeira vez. Desde então, houve inícios e fins de períodos de trégua, enquanto as autoridades espanholas tentam neutralizar as ações de unidades ligadas ao ETA, atualmente bastante enfraquecidas.