O Hamas (“fervor”, em árabe, mas também o acrônimo da expressão, no original, para Movimento de Resistência Islâmica) é uma organização política atuante na Palestina (Faixa de Gaza, Israel e Cisjordânia). Além da atividade política, o grupo possui uma ala militar, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, responsáveis por ataques e atentados contra Israel. Estima-se que sua ala militar tenha mais de mil membros.

Suas origens remontam à invasão da Palestina por Israel em 1967, após a Guerra dos Seis dias. O grupo foi fundado duas décadas depois, na Primeira Intifada, em 1987, a partir da Irmandade Muçulmana, um grupo político internacional atuante em todo o mundo árabe. Um ano depois da fundação, em 1988, o grupo distanciou-se da ética da não-violência, proclamada pela Irmandade Muçulmana.

Cinco anos mais tarde, em 1993 foi levado a cabo o primeiro atentado suicida. Um relatório do Council for Foreign Relations estima que mais de 350 atentados tenham sido realizados sob a tutela do Hamas desde então. Segundo o mesmo levantamento, o número de mortos passaria dos 500.

Em 1988, o grupo promulgou sua Carta, na qual expressa seus principais objetivos: a destruição do Estado de Israel e a substituição da Autoridade Palestina por um Estado islâmico, levantando “a bandeira de Alá sobre cada centímetro da Palestina”. Seu programa político, de orientação islâmica sunita, em geral pode ser identificado como um amálgama entre o nacionalismo palestino e o fundamentalismo islâmico. O grupo é liderado por Khaled Meshal, exilado na Síria desde 2001, e representa a força política de maior representatividade da Palestina.

O Hamas começou a participar e obter vitórias eleitorais na Palestina na última década. Após bons resultados em eleições municipais e o boicote às presidenciais de 2005, o grupo venceu as legislativas da Autoridade Palestina de 2006, derrotando o partido Fatah, de Mahmoud Abbas.

Desde então, todavia, o grupo tem falhado em unificar a política da Autoridade Palestina, levando inclusive a um aumento das tensões locais. A vitória em 2006 também fez com que a ajuda internacional fosse cortada, prejudicando ainda mais a situação da população. Atualmente, o Egito tem tentado mediar as tensões entre Hamas e Fatah, e em abril de 2011 foi assinado um tratado de reconciliação no Cairo.

Além da atividade política e do braço terrorista, o grupo é responsável por uma série de serviços sociais disponibilizados à população palestina na Faixa da Gaza. Estima-se que grande parte do seu orçamento anual (cerca de US$ 70 milhões, ou R$ 110 milhões) seja destinado a trabalhos como escolas, orfanatos, mesquitas e clínicas médicas.

O Hamas é considerado um grupo terrorista por Israel, Canadá, Estados Unidos, União Europeia e Japão; Reino Unido e Austrália, por sua vez, consideram somente as Brigadas como uma organização terrorista. A grande maioria dos países, como África do Sul, Rússia, Noruega e Brasil, não lista o Hamas entre os grupos terroristas.

حماس‎ (Hamas)

Membro do Hamas, durante passeata de 2002 na Faixa de Gaza - Foto: Getty Images