O movimento do Hezbollah (“Partido de Deus”, em árabe) surgiu durante a invasão de Israel, em 1982, ao sul do Líbano. Para defender os vizinhos árabes na batalha contra os israelenses, o aiatolá Khomeini enviou 1,5 mil membros da Guarda Revolucionária Iraniana ao Líbano para treinar milicianos locais para oferecer resistência ao avanço israelense. A Síria, interessada em recuperar o território das colinas de Golã, que havia sido tomado por Israel, também apoiou a formação da força de resistência islâmica.

No dia 18 de abril de 1983, o mundo conheceu o Hezbollah, quando uma van com quase 1 tonelada de explosivos foi atirada contra a embaixada americana, em Beirute, matando 63 e ferindo 120. As ações do Hezbollah forçaram os EUA a liderar a retirada das tropas estrangeiras do Líbano, que estavam no país para apoiar a invasão de Israel.

Ao fim da década de 80, um acordo de paz que criaria bases para o desenvolvimento político exigia a dissolução de todas as milícias do Líbano. No entanto, com o apoio da Síria e do Irã, o grupo não foi desarmado. O frágil acordo de paz foi quebrado em 1996, na chamada Guerra de Abril. Em uma tentativa de acabar com o lançamento de mísseis contra o norte de Israel, o exército judeu lançou mais de 25 mil bombas contra o território libanês. Em resposta, o Hezbollah atingiu Israel com mais de 600 mísseis. Um cessar-fogo que bania ataques contra civis foi assinado no mesmo mês.

Somente no ano de 2000 a retirada israelense do Líbano foi considerada completa e certificada pela ONU. O papel exercido pelo Hezbollah para a expulsão dos israelenses foi reconhecido em todo o mundo árabe e islâmico, particularmente entre os xiitas.

Em julho de 2006, no entanto, a história se repetiu. Um novo conflito eclodiu quando o Hezbollah atirou mísseis contra a fronteira israelense. Um dos disparos atingiu um veículo militar e matou três soldados. Em agosto, com a intervenção da ONU, um novo cessar-fogo foi assinado. Novamente, o desarmamento do Hezbollah, que nunca foi posto em prática, estava entre as cláusulas do documento.

Uma entrevista de Nasrallah ao The Washington Post, em 2000, mostra o quão longe está a paz na região: “Eu sou contra qualquer reconciliação com Israel. Eu nem ao menos reconheço a presença do Estado chamado ‘Israel’. Eu considero a sua presença injusta e ilegal. É por isso que, caso o Líbano proponha um acordo de paz com Israel, nossos deputados no Parlamento irão vetar a proposta”.

Atualmente, por promover seqüestros de inimigos e lançar mísseis contra o território israelense, o grupo é considerado uma organização terrorista pelos EUA, Canadá, Países Baixos, Austrália, Reino Unido, além de Israel.

No mundo árabe, no entanto, a organização é tida como um movimento de resistência legítimo de grande prestígio entre os islâmicos. Em um Estado carente de infra-estrutura, o Hezbollah controla boa parte dos serviços sociais do país, como escolas e hospitais, locais amplamente freqüentados pelos xiitas libaneses.

حزب الله (Hezbollah)

Cerca na fronteira entre Israel e o Líbano mostra bandeiras do Hezbollah - Foto: Getty Images