O Talibã (“estudantes”, em árabe e pachto) é um movimento fundamentalista islâmico. Suas origens remontam à década de 80, quando começou a partir de muhadjeens ("combatentes") que haviam lutado contra a União Soviética, na invasão dos anos 1980, e de membros de tribos paquistanesas de madrassas ("escolas").

Fundado oficialmente como milícia em 1994, durante a guerra civil afegã entre o Norte e o Sul, o grupo chegou ao controle de grandes partes do Afeganistão em 1996, incluindo a capital Cabul, fundando o chamado Emirado Muçulmano do Afeganistão. A entidade, todavia, só foi reconhecida por três países: Paquistão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Após os ataques de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos invadiram o Afeganistão em busca de Osama bin Laden e membros da Al-Qaeda, suspeitos de serem abrigados no país sob a tutela talibã. A presença militar americana minou a atuação dos talibãs, que chegava aos 90% do território, diminuindo seu poder no governo e empurrando sua área de atuação em direção ao Paquistão.

Atualmente, o Talibã mantém sua esfera de influência em áreas rurais ao sul e ao leste da capital. Após um período de maior calma, desde 2008 tem havido um ressurgimento das tensões entre as milícias talibãs e as forças estrangeiras da Isaf (Força de Assistência à Segurança Internacional, da Otan). Um relatório de 2008 do Icos (Conselho Internacional para Segurança e Desenvolvimento) aponta que, após uma queda de posse do território para 54% do território, o controle chegava então aos 72%.

Oriundo de líderes wahhabis, de um forma ortodoxa do islamismo sunita praticado na Arábia Saudita, o Talibã é bastante conhecido por suas práticas culturais, consideradas extremas e de uma interpretação fundamentalista da sharia, a lei islâmica. A marca mais conhecida do regime talibã é a forte observação das mulheres, obrigadas a usarem véus, e impostas a outras restrições.

Ícone da intolerância talibã também é a destruição de estátuas de Buda, oriundas da época, séculos antes, em que budistas habitaram a região que hoje é o Afeganistão. Em 1997, após a escalada ao poder, os talibãs tornaram público o desejo de aniquilação dos ícones orientais. Apesar da oposição de Mulah Ommar, o líder talibã, religiosos radicais levaram à implosão de diversas estátuas de Buda do Vale Bamyan, no centro do país, em março 2001.

Embora tenha um braço de milícias, responsável por um grande número de ataques da insurgência afegã contra a invasão de americana de 2001, o Talibã não é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, pela União Europeia ou pela Otan. Atualmente, a única potência que lista o movimento entre entidades terroristas é a Rússia; principalmente ao histórico de brigas entre ambos no período final da União Soviética.

No Paquistão, o grupo Tehrik-i-Taliban (Movimento dos Estudantes do Paquistão) opera sob influência do Talibã. Fundado em 2007 e atuante nas áreas tribais do país e responsável por ataques, o grupo é considerado terrorista pelos Estados Unidos desde 2010.

طالبان (Talibã)

Soldado afegão monta guarda na mesquita de Pul-i-Khishti, em 1996 - Foto: AFP