Os Tigres Tâmeis remontam ao conflito entre tâmeis e cingaleses, iniciado no período em que o Sri Lanka se tornou independente da Grã-Bretanha, em 1948. As comunidades falam línguas diferentes (tâmil e cingalês) e seguem religiões diferentes (a primeira majoritariamente budista e a segunda composta por hinduístas e católicos). O grupo foi fundado no início dos anos 1970, tendo como líder Vellupillai Prabhakaran, com o objetivo principal de criar um Estado independente nas províncias do norte e do leste na ilha.

Após a independência, a comunidade tâmil começou a denunciar uma suposta discriminação por parte da maioria cingalesa, que dificultava o acesso dos tâmeis a empregos públicos e vagas na universidade. À época, o governo argumentava estar corrigindo os desequilíbrios do período colonial, quando os cingaleses acusavam os britânicos de dar tratamento preferencial aos tâmeis.

Desde 1990, os rebeldes disputavam com o exército a posse da cidade de Kilinochchi, considerada uma espécie de centro administrativo dos Tigres Tâmeis. Em 2001, os Tigres Tâmeis chegaram a abandonar a exigência de um Estado independente, contentando-se com uma espécie de autonomia regional. Em dezembro do mesmo ano, foi declarado um cessar-fogo unilateral e, no ano seguinte, foi assinado um acordo oficial com o governo. Em 2003, todavia, os tâmeis abandonaram a tentativa de acordo definitivo e propuseram uma autoridade interina de autogoverno, rejeitada pelo Sri Lanka.

Em 2005, a eleição de Rajapakse como chefe de Estado mudou a situação até então favorável para os rebeldes. O novo presidente desconsiderou qualquer negociação e prometeu esmagar a rebelião, dando, pela primeira vez, carta branca ao exército para atuar no terreno. Uma ofensiva militar obrigou o deslocamento de mais de 200 mil tâmeis, que fugiram dos confrontos entre exército e rebeldes e se amontoaram em campos de refugiados.

Enfranquecida, a milícia resistiu por pouco tempo às investidas do Exército, e, em 2009, perdeu a luta contra as autoridades. O grupo, que já vinha perdendo território nos últimos anos, e tinha visto sua área (outrora de 15 mil km²) reduzir-se a uma pequena bolsa de resistência no norte do país, de cerca de 300 km², decidiu abandonar as armas no dia 17 de maio. Foi nesse período que também morreu aos 54 anos Prabhakaran, o líder e fundador da guerrilha.

Aos rebeldes tâmeis se atribui o pioneirismo no uso sistemático de homens-bomba. Com grande freqüência, os Tigres Tâmeis também recorrem a mulheres para executar os atentados suicidas. O atentado contra o premiê indiano foi o primeiro e mais célebre ataque suicida levado a cabo com sucesso por uma mulher do Ltte.

Mais de 30 países consideram os Tigres Tâmeis uma organização terrorista, entre eles o Canadá, Estados Unidos, Índia (desde o assassinato do premiê Rajiv Gandhi), Austrália e Malásia. A ONU, entretanto, não emitiu nenhuma condenação formal. A União Européia o incluiu em sua lista de terroristas em 2002, na ocasião, membros europeus da Missão de Supervisão no Sri Lanka foram expulsos do país.

Tigres Tâmeis

Vítima de mina terrestre espera por prótese em centro de reabilitação, em 2003. As minas terrestres, frutos da luta entre insurgente e o governo, deixaram centenas de feridos ao longo dos anos - Foto: Getty Images