Lançado pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) ao espaço no dia 14 de maio de 2009, o Herschel se transformou no maior telescópio espacial em funcionamento na atualidade. Equipado com uma lente de 3,5 m de diâmetro e instrumentos resfriados a uma temperatura próxima do zero absoluto, ele é capaz de observar comprimentos de onda antes impossíveis. Para se ter ideia, a lente principal do Hubble, veterano do espaço que completou 20 anos em 2010 e foi responsável por algumas das principais descobertas da astronomia, tem 2,4 m.
O corpo do Herschel tem cerca de 7,5 m de comprimento e 4 por 4 m na seção mais larga. Com cerca de 3,4 t na época do lançamento, a espaçonave compreende um módulo de serviço, além de instrumentos científicos e um segundo módulo onde ficam as lentes e outros instrumentos que precisam ser resfriados. O segundo módulo ainda é protegido dos raios solares e da radiação com um escudo, além de carregar os paineis solares para gerar energia.
Além disso, o telescópio fica em uma órbita a 1,5 milhão de km da Terra, em uma direção oposta à do Sol, no segundo ponto Lagrange - pontos próximos de um sistema orbital formado por dois corpos massivos - do sistema Terra-Sol (L2).
Tudo isso para responder, principalmente, duas perguntas: como as galáxias se formaram? Como as estrelas se formam e se desenvolvem e se "relacionam" no meio interestelar? Outros dois objetivos apontados pela ESA são "observar a composição química e a atmosfera de cometas, planetas e satélites" e "examinar a química molecular do universo".
O Herschel é formado por dois espelhos. O espelho primário do Herschel é o coletor de luz do telescópio. Ele capta a luz dos objetos astronômicos e a direciona para o pequeno espelho secundário localizado ao centro. Os dois espelhos trabalham juntos focalizando a luz e dirigindo-a aos instrumentos capazes de detectar e analisar a luz. Os resultados são imediatamente registrados pelo computador de bordo.
O tamanho do espelho primário é a chave para a sensibilidade de um telescópio: quanto maior ele for, mais luz recebe, e maior capacidade tem de ver os objetos que emitem luz mais fraca. As dimensões dos espelhos também determinam a capacidade do telescópio de distinguir detalhes finos. A superfície do espelho é muito importante também. Tem de ser precisamente moldada e perfeitamente lisa, uma vez que a menor rugosidade distorce a imagem final.
O espelho deve ser leve e resistente para suportar as condições extremas de lançamento (quando ele vai sofrer uma força várias vezes maior do que a da gravidade terrestre), e às baixas temperaturas do espaço exterior. Qualquer solavanco em sua superfície deve ser inferior a um milésimo de milímetro de altura.
Esta maravilha tecnológica foi construída quase inteiramente de carboneto de silício. O espelho primário foi construído com 12 segmentos soldados para formar um espelho monolítico que foi recoberto e polido com a espessura necessária (cerca de 3 mm) para formar a superfície com precisão.