No dia dedicado ao interrogatório dos réus, o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá chorou, acusou a polícia de pressioná-los a assumir o crime e entrou em contradição mais de uma vez. Como previsto, os réus mantiveram a mesma versão sustentada ao longo dos últimos dois anos pela defesa - a de uma terceira pessoa - e repetiram a resposta "não recordo" para a maioria das perguntas.
Com paradas evasivas antes de responder as perguntas, o pai de Isabella chorou mais de uma vez. No entanto, o promotor Francisco Cembranelli botou em xeque a manifestação de emoção do réu. O representante do MP perguntou se havia algum problema com os olhos de Nardoni, que impediam que saíssem lágrimas quando chorava. Na oitiva de mais de cinco horas, interrompida a todo o momento pela frase "não me recordo" - comportamento repetido mais tarde por Anna Jatobá -, Nardoni disse que o delegado do 9o Distrito Policial, Calixto Calil Filho, propôs, durante a fase do inquérito, que ele assinasse uma declaração de homicídio culposo (sem intenção de matar) pela morte da filha. Segundo ele, isso seria parte de um acordo para que sua mulher fosse dispensada pela polícia.
Ao responder a primeira pergunta no seu interrogatório, a madrasta já começou a chorar. Assim como seu marido, Anna fez acusações contra a polícia. Disse que, após a morte de Isabella, um policial a puxou forte pelo braço e a pressionou para que entregasse o companheiro. Por duas vezes, a madrasta entrou em contradição. Em uma delas, desmentiu a versão de Nardoni sobre a reação dele ao ver a tela da janela furada. Disse que o marido passou a cabeça pela abertura. "Assim que entramos no quarto, o meu marido foi até a janela, colocou a cabeça para fora, virou-se para mim já branco e disse: 'Carol, a Isabella está lá embaixo'", disse. Minutos antes, o pai de Isabella havia dito que ficou de joelhos na cama e encostou o rosto na tela.