Durante a incursão de uma equipe do grupo tático da Polícia Federal, que atua no patrulhamento do rio Paraná – fronteira do Brasil com o Paraguai -, dá para se ter ideia da movimentação daquela que é considerada a fronteira mais agitada do País. Ainda na saída da delegacia, um policial que monitora o movimento das embarcações que vêm do país vizinho, dá o aviso pelo rádio de que um barco está pronto para encostar em um dos inúmeros portos clandestinos da região.
O policial ao volante acelera a caminho do rio. O local é conhecido e usar viaturas para fazer esse trabalho é impraticável. Os contrabandistas têm uma rede de olheiros espalhada em pontos estratégicos. Segundo o policial que estava ao volante, nem mesmo os carros descaracterizados, sem identificação policial, servem para despistar. "Não adianta nem trocar as placas".
Aquele que está no ponto de observação vai indicando a posição das embarcações e é possível ouvir a frequência do rádio em que os contrabandistas conversam. Para que a missão dê certo, não se pode chegar nem cedo nem tarde na barranca do rio. Muito cedo, o barco retorna. Muito tarde a mercadoria já foi retirada.
Do ponto de observação chega a informação de que um segundo barco já está encostando. Depois de passar sua localização, veio a pergunta pelo rádio: "Você tá com o Astra?". "Não, Blazer verde", respondeu o policial.
Pé no acelerador. Poucos minutos mais tarde, depois de algumas incursões pela contramão,
alguns sinais furados e quebra de inúmeras leis de trânsito, chegou-se à avenida Beira-Rio, que dá acesso a uma das barrancas do rio. O canteiro que divide as pistas está quebrado bem na frente da entrada da pequena estrada que dá acesso à barranca, e que é usada tanto por bandidos como por policiais para atravessar a pista sem precisar ir até um ponto de retorno.
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