Os pedestres que atravessam a Ponte da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai, seguem em sentido único. A partir do Brasil, pela calçada do lado direito, se vai ao Paraguai. A volta se dá pelo lado esquerdo. Entre as calçadas e a pista de veículos, uma grade impede - ou deveria impedir - que se atravesse de um lado para o outro.

No lado brasileiro, altas grades também foram instaladas para impedir que mercadorias sejam arremessadas de cima da ponte para a margem do rio. Porém, os inúmeros remendos denunciam que parte do material contrabandeado passa por ali sem muita cerimônia. A qualquer hora do dia, o jogo é sempre rápido e sincronizado com a falta de fiscalização.

Para facilitar o “trabalho”, os contrabandistas adaptaram a prática do rapel. A mercadoria é embalada em uma grande caixa de papelão, envolta em plástico e fita adesiva. Enquanto os pedestres caminham tranquilamente, um homem passa apressado em direção à margem brasileira.

Os pontos do rapel são previamente marcados. Sobre a proteção de cimento na lateral da ponte, um papelão com fita adesiva é colocado. Serve para não danificar a corda. Em pouco mais de 15 segundos, um paraguaio abre um saco, coloca um gancho numa das pontas de uma corda e começa a descer a mercadoria. Embaixo, uma pessoa espera e desaparece com a caixa pela mata que beira o rio.Próxima página

Ao perceber que era observado, o rapaz que lançou a caixa pede encarecidamente que não seja denunciado. "As coisas estão difíceis. Tenho família para criar".
E o que tinha dentro da caixa?

"São só brinquedos". Importados da China, os brinquedos - sem qualquer tipo de certificação - passam para o lado brasileiro e tem boa aceitação, principalmente perto de datas como o Dia da Criança e o Natal.