AMAZÔNIA
Diário
de Bordo 15
de maio As "piscinas" e as palafitas de Carauari
Cristina
Bodas
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Morador
de Carauari, Tatu é um exemplo da ingenuidade da criança local:
disse que não gosta dos botos cor-de-rosa que aparecem no
rio porque eles encantam as pessoas e as transformam em boto
também.
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O vôo de Manaus
a Carauari já estava lotado, mas como prometido, uma funcionária
da pequena companhia aérea local conseguiu me "encaixar" em um dos
30 lugares disponíveis no avião Brasília. Se não fosse pela pista,
não teria reconhecido o aeroporto de Carauari como um aeroporto.
Para se ter uma idéia, o telefone de lá é público.
Eu e mais dois
rapazes que também embarcariam no navio ficamos cerca de três horas na cidade
à espera do hidroavião. Foi o suficiente para ter uma triste noção da pobreza
local. Das casas de palafitas à beira do rio saem crianças sem roupa, mas repletas
de marcas de picadas de insetos. As margens sujas de óleo do rio servem, ao mesmo
tempo, de tanque de lavar roupas e de piscina. As crianças, que ficam ao nosso
lado o tempo todo entusiasmadas com a máquina fotográfica, contam que só há duas
casas com "piscina de verdade" na cidade: a do prefeito e a do "homem que tem
mais lojas em Carauari".
Foi
nessa cidadezinha que o barco do Greenpeace ficou ancorado por alguns dias na
semana anterior. As crianças lembram disso como um fato histórico. Uma delas conta
que chorou quando o navio partiu. Quando o hidroavião chega para nos buscar é
uma outra festa. Deixando as imagens tristes de Carauari para trás, do hidroavião
só se vê um mar verde, um mar rico de vida.
Cristina
Bodas Enviada especial à Amazônia |