Cristina
Bodas
|
|
A expedição
do navio Amazon Guardian é apenas um "detalhe" do programa de preservação
da floresta amazônica que o Greenpeace planeja realizar na região
por, pelo menos, dez anos. Ao definir essa campanha como sua prioridade
mundial, o Greenpeace está inaugurando um escritório em Manaus para
ser a sede mundial do programa, que tem um orçamento anual de US$
2,5 milhões, e pode se tornar o maior projeto já realizado pela
entidade em todo o mundo.
Segundo Paulo Adário, coordenador da campanha da Amazônia, o Greenpeace
pretende discutir um modelo de desenvolvimento econômico para a
região amazônica baseado na preservação e no uso racional dos recursos
da floresta. Na avaliação de Adário, uma vez que o próprio governo
brasileiro admite que cerca de 80% da extração de madeira da região
é feita de forma ilegal, o combate a esse tipo de ação é um dos
primeiros passos a serem tomados pela entidade, que, durante sua
expedição de quatro meses pelos rios do Amazonas e do Pará, também
tem auxiliado o Ibama em seu trabalho de fiscalização, denunciando
produtores locais que atuam de forma irregular.
O Greenpeace tem pressionado o governo para que seja feito um raio-x
da área. "Para que se possa ter um controle efetivo do uso da madeira
na região amazônica, é preciso que o governo faça um zoneamento
econômico e ecológico da região, o que ainda não existe", disse.
Segundo Adário, não se sabe ao certo quantas empresas fazem a extração
da madeira na região, nem quanto geram de empregos e impostos. Para
Scott Paul, representante do Greenpeace internacional, a campanha
pode ser uma das maiores e mais longas já feitas pela entidade porque
a preservação e o uso racional da floresta envolve não só questões
ambientais, mas também econômicas e sociais. "Boa parte da população
local sobrevive do trabalho de extração ilegal feito pelas madeireiras.
Não podemos simplesmente tirar a fonte de sustentação de uma família
e deixá- la passando fome", afirmou.
|