A apreensão de 271 toras de madeira ilegal no rio Juruá é apenas
um exemplo do que acontece em toda a Amazônia, onde o próprio governo
admite que a madeira é extraída de forma ilegal em 80% dos casos.
A ausência de um modelo econômico no setor florestal é a principal
causa dessa estatística vergonhosa, na opinião de Paulo Adário,
coordenador da campanha da Amazônia do Greenpeace. "Se uma empresa
quer ser séria e atuar dentro da lei, ela não sobrevive na região.
Não tem como competir com essa máfia madeireira", disse.
A partir disso, o Greenpeace pretende, ao longo dessa campanha,
lutar pela realização de um zoneamento econômico e ecológico da
área, pelo aumento da fiscalização e pela obrigatoriedade da certificação
nos produtos de origem florestal. "Ninguém compra carro roubado,
por exemplo. Mas nós compramos madeira ilegal sem saber. É preciso
uma campanha de conscientização e um processo de certificação para
que todos possam saber a origem do que estão comprando", afirmou.
Entretanto, se um projeto de desenvolvimento econômico pode levar
um pouco mais de tempo para ser implementado, alguns investimentos
governamentais podem amenizar o problema em curto prazo. Investimentos
em fiscalização, por exemplo. Para se ter uma idéia, o Ibama conta
hoje com um terço de sua estrutura necessária: são 160 pessoas para
cobrir uma área de quase 1,6 milhão de km2. Sua unidade de fiscalização,
a Dicof, possui apenas 39 agentes de campo mal equipados, número
que equivale a um agente para cada 40,5 mil km2 de floresta, ou
seja, uma área do tamanho da Suíça.
|