Isabelle
Rouvillois/Greenpeace
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Látex
sendo extraído da seringueira
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O primeiro mouse
pad do mundo feito a partir de borracha natural da Amazônia
representa uma das soluções de desenvolvimento sustentado
para a região. A fabricação do novo produto
garante a preservação da floresta e aumento de trabalho
e renda para todas as famílias envolvidas no processo. Uma
nova tecnologia conhecida como Tecbor permite que a própria
família que extrai o látex das árvores da floresta,
produza em casa a borracha que será usada para o mouse pad,
eliminando intermediários e usinas de beneficiamento.
Um projeto piloto
está sendo desenvolvido por seringueiros da Reserva Extrativista
do Médio Juruá (uma área de 236 mil hectares
no Amazonas), onde 40 famílias receberam kits e treinamento
necessários para iniciar a produção. A borracha
produzida é vendida para Associação dos Produtores
Rurais de Carauari (Asproc) - à qual as famílias são
filiadas -, que fica responsável pela revenda à empresa
tailandesa que finaliza o mouse pad. A partir de agosto, a Asproc
pretende inaugurar uma fábrica em Carauari para a confecção
do produto final e colocação no mercado interno, eliminando,
assim, a necessidade de fabricação na Tailândia
e incentivando a criação de novos postos de trabalho
na região.
Cada uma dessas
famílias tem produzido cerca de 50 quilos de borracha por
mês, o que significa um aumento de quase R$ 100 reais na renda
mensal, já que o quilo é vendido entre R$ 1,30 e R$
2,00. O valor arrecadado é razoável se levarmos em
consideração que a renda familiar média na
região é de R$ 30 a R$ 50. "Há ainda uma
outra vantagem: o trabalho de extração e
produção consome somente metade do dia. A família
pode continuar exercendo outra atividade como agricultura ou pesca",
diz Francisco Ademar da Silva Cruz, gerente administrativo da Asproc
e diretor do Conselho Nacional dos Seringueiros.
Isabelle
Rouvillois/Greenpeace
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Processamento
do látex para formação da borracha que é usada no mouse pad
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Segundo Ademar,
o látex é extraído somente de julho a dezembro.
Por isso, a Asproc tem incentivado os produtores a aderirem também
ao projeto do óleo Andiroba, utilizado na fabricação
de cosméticos. O óleo é extraído da
floresta nos meses de janeiro a abril, quando cada família
pode chegar a receber até R$ 400 por mês por sua produção.
A tecnologia
Tecbor foi desenvolvida pelo professor Floriano Pastore, a Universidade
de Brasília, instituição que ficou responsável
pelo treinamento das 40 famílias que receberam os kits de
produção, por sua vez financiados pelo Greenpeace.
O programa foi apoiado ainda pelo Centro Nacional de Populações
Tradicionais, que tem como objetivo promover alternativas para o
desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Na avaliação
de Ademar, ainda pode ser um pouco cedo para medir os resultados
econômicos do novo projeto - uma vez que os mouse pads ainda
não estão disponíveis no mercado -, mas já
há um enorme ganho para a população local:
"o projeto devolveu a dignidade que os seringueiros haviam
perdido desde a década de 80, quando tiveram de abandonar
a coleta do látex por causa da crise na produção
de borracha".Segundo ele, o
projeto é piloto, mas já está sendo ampliado.
Neste ano, as famílias devem produzir cerca de 100 quilos
por mês. Matéria- prima não falta: segundo Ademar,
a reserva tem capacidade de oferecer 10 toneladas por mês
de látex. Hoje só está sendo produzida uma
tonelada/mês.
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